20 novembro 2016

4ª VIA

O que é a 4ª Via?

A 3ª Via fracassou rotundamente e necessita de um upgrade tão urgente e importante que lhe podemos chamar 4ª Via.

A 3ª Via de Clinton (new democrats), Blair e Schroeder, bem explicada no bestseller do Anthony Giddens – The Third Way – procurou conciliar os ganhos da globalização com os valores fundamentais da social-democracia: a comunidade, a oportunidade, a responsabilidade e o rigor (CORA). Infelizmente, a globalização desenvolveu-se e prosperou, mas à custa dos valores que se pretendiam proteger, as comunidades perderam coesão, há menos oportunidades, e de responsabilidade e rigor nem é bom falar.

Julgo que este fenómeno se pode explicar com uma metáfora: “os países ocidentais injetaram esteroides nas empresas globais e anestesiaram as nacionais”. Desse modo, desequilibraram o tabuleiro a favor das grandes multinacionais e prejudicaram as PME’s locais. O resultado foi um empobrecimento relativo das classes médias do ocidente que se está a traduzir, de momento, numa importante revolta política.

Revolta que já se sentia há muito, mas que ficou demonstrada com o Brexit e com a vitória de Donald Trump nos EUA. Também, com o protagonismo que os partidos populistas europeus têm vindo a assumir.

Os elementos desta 4ª Via já foram delineados, no programa eleitoral do partido republicano dos EUA:

1.     Renegociação dos tratados de livre comércio
2.     Liberalização dos mercados internos/ desregulação
3.     Diminuição significativa do esforço fiscal (IRC para cerca de 15%)
4.     Controle da imigração ilegal

Renegociação não é rejeição. O livre comércio é demasiado importante para ser ameaçado, não é isolacionismo o que se pretende. O que se pretende é mais equilíbrio entre globais e nacionais.

Desregular e diminuir impostos é remover os anestésicos da iniciativa privada nacional, das PME’s que continuam a ser as principais criadoras de emprego. Sem PME’s não há classe média, diria.

Por fim, a sensível questão da imigração. Não está em causa a necessária liberdade de circulação, o que está em causa é a dignidade humana aviltada por migrações bíblicas que ameaçam a coesão social e inspiram nacionalismos abjetos. Imigração sim, mas legal.


Tal como cada país interpretou a 3ª Via à sua maneira, a 4ª Via também vai ter muitas tonalidades e sabores, desejavelmente. Que venham, porém, depressa, antes que o desequilíbrio entre globalistas e nacionalistas acabe com a própria democracia. É o que está em causa.

3 comentários:

Ricciardi disse...

O problema deste recuo no livre comércio é que, na verdade, ja não é possível andar para trás. A China, na semana passada, deu uma bofetada ao Trump de intensidade bíblica. Disseram eles que estavam preparados para substituir os EUA no mundo do comércio livre. Por outro lado, as multinacionais americanas que produzem no estrageiro estão a marimbam-se para tarifas aduaneiras gringas. A consequência não é gerar mais emprego nos EUA retirando emprego na China. Nada disso. A consequência é continuar a produzir na China e os americanos verem as suas marcas mais caras na América do que... no México :). O que tem alguma piada.
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Rb

Euro2cent disse...

Sempre achei muita graça à tendência chinesa para enumerar as coisas: as quatro vias, os seis ventos, os oito ossos, os onze caminhos, os quinze maus cheiros, etc. ad nauseam.

Deve corresponder a uma necessidade psicológica qualquer.

(Oi, malta das sociais: fossar aqui em vez dos disparates da moda. Dá uma tese original. Oh, gaita, o que eu fui dizer. Anátema ;-)

marina disse...

é , é , Joaquim , é mesmo com isso que na "democracia" representativa os representantes vão deixar de representar os interesses dos donos , leia-se a banca e big corporations:) . isto só lá vai recupoerando os valores de um passado mais remoto : cortem-llhes as cabeças !!!