O que é a 4ª Via?
A 3ª Via fracassou rotundamente e
necessita de um upgrade tão urgente e importante que lhe podemos chamar 4ª Via.
A 3ª Via de
Clinton (new democrats), Blair e Schroeder, bem explicada no bestseller do
Anthony Giddens – The Third Way – procurou conciliar
os ganhos da globalização com os valores fundamentais da social-democracia:
a comunidade, a oportunidade, a responsabilidade e o rigor (CORA). Infelizmente,
a globalização desenvolveu-se e prosperou, mas à custa dos valores que se
pretendiam proteger, as comunidades perderam coesão, há menos oportunidades, e
de responsabilidade e rigor nem é bom falar.
Julgo que este
fenómeno se pode explicar com uma metáfora: “os países ocidentais injetaram esteroides
nas empresas globais e anestesiaram as nacionais”. Desse modo, desequilibraram
o tabuleiro a favor das grandes multinacionais e prejudicaram as PME’s locais.
O resultado foi um empobrecimento relativo das classes médias do ocidente que
se está a traduzir, de momento, numa importante revolta política.
Revolta que já se
sentia há muito, mas que ficou demonstrada com o Brexit e com a vitória de
Donald Trump nos EUA. Também, com o protagonismo que os partidos populistas
europeus têm vindo a assumir.
Os elementos
desta 4ª Via já foram delineados, no programa eleitoral do partido republicano
dos EUA:
1.
Renegociação
dos tratados de livre comércio
2.
Liberalização
dos mercados internos/ desregulação
3.
Diminuição
significativa do esforço fiscal (IRC para cerca de 15%)
4.
Controle
da imigração ilegal
Renegociação não
é rejeição. O livre comércio é demasiado importante para ser ameaçado, não é
isolacionismo o que se pretende. O que se pretende é mais equilíbrio entre
globais e nacionais.
Desregular e
diminuir impostos é remover os anestésicos da iniciativa privada nacional, das
PME’s que continuam a ser as principais criadoras de emprego. Sem PME’s não há
classe média, diria.
Por fim, a
sensível questão da imigração. Não está em causa a necessária liberdade de
circulação, o que está em causa é a dignidade humana aviltada por migrações
bíblicas que ameaçam a coesão social e inspiram nacionalismos abjetos. Imigração
sim, mas legal.
Tal como cada
país interpretou a 3ª Via à sua maneira, a 4ª Via também vai ter muitas
tonalidades e sabores, desejavelmente. Que venham, porém, depressa, antes que o
desequilíbrio entre globalistas e nacionalistas acabe com a própria democracia.
É o que está em causa.
3 comentários:
O problema deste recuo no livre comércio é que, na verdade, ja não é possível andar para trás. A China, na semana passada, deu uma bofetada ao Trump de intensidade bíblica. Disseram eles que estavam preparados para substituir os EUA no mundo do comércio livre. Por outro lado, as multinacionais americanas que produzem no estrageiro estão a marimbam-se para tarifas aduaneiras gringas. A consequência não é gerar mais emprego nos EUA retirando emprego na China. Nada disso. A consequência é continuar a produzir na China e os americanos verem as suas marcas mais caras na América do que... no México :). O que tem alguma piada.
.
Rb
Sempre achei muita graça à tendência chinesa para enumerar as coisas: as quatro vias, os seis ventos, os oito ossos, os onze caminhos, os quinze maus cheiros, etc. ad nauseam.
Deve corresponder a uma necessidade psicológica qualquer.
(Oi, malta das sociais: fossar aqui em vez dos disparates da moda. Dá uma tese original. Oh, gaita, o que eu fui dizer. Anátema ;-)
é , é , Joaquim , é mesmo com isso que na "democracia" representativa os representantes vão deixar de representar os interesses dos donos , leia-se a banca e big corporations:) . isto só lá vai recupoerando os valores de um passado mais remoto : cortem-llhes as cabeças !!!
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