22 dezembro 2015

o sistema financeiro mundial


















Permitam-me que me refira à situação do BES, no primeiro trimestre de 2014, para exemplificar o funcionamento do sistema bancário (dados públicos citados no blogue do Cosme Vieira):

ATIVIDADE (milhões de euros)
     Ativo                                => 82817M€
     Crédito a Clientes (bruto) => 51001M€
     Depósitos de Clientes       =>36242M€
     Capital Próprio                 =>  7017M€

Reparem que o rácio entre o Capital Próprio e os Activos é de 8,5%. O banco alavanca mais de 10 vezes o seu capital.

Assim sendo, uma crise económica grave, com incumprimento massivo de créditos bancários e queda  bolsista do capital do banco, conduz inevitavelmente à falência.

A esquerda conhece esta situação, mas prefere a caça aos gambozinos  (... a caça aos culpados) à denúncia da fragilidade intrínseca do sistema financeiro.

4 comentários:

Anónimo disse...

A esquerda queria que o anterior governo lhe tivesse feito a papinha toda, para que agora o Costa se tivesse que abrir os cordões à bolsa. Mas o anterior governo tentou vender o Novo Banco por duas vezes e não conseguiu, pelas razões que se conhecem e que eu aqui recordo. Em primeiro lugar porque os valores que os compradores ofereciam eram insuficientes. Em segundo lugar porque os compradores não se recomendavam. Os chineses, que eram os que punham mais dinheiro em cima da mesa, pertencem a uma economia manhosa, e a oferta financeiramente mais vantajosa para o banco era também a mais opaca, ou seja, com poucas garantias de cumprimento a prazo. Já os fundos americanos, o que vinham fazer era desmantelar o banco e vender tudo.

Já o Banif é um buraco que ninguém quer, e portanto chegou-se a este ponto. O PS queria que o que teve de anunciar no Domingo tivesse cabido ao outro governo, mas temos pena, toda a gente apanha com "prendinhas". Acresce que esta "solução" com o Santander é a pior de todas porque vai reforçar o maior banco da zona euro em Portugal, em vez de trazer um novo operador para o país, e haverá certamente despedimentos pois o Santander não precisa de tantas agências. Não admira que a esquerda esteja só a falar no anterior governo, para ver se desvia as atenções, pois tem MUITO que explicar sobre o que está a fazer agora...

Anónimo disse...

E mais teria que explicar sobre as políticas e os negócios que levaram estes bancos à ruina, pois é toda uma era que caiu como um castelo de cartas, e isso deveria ter implicações reputacionais não apenas para a família Salgado, mas também para os governantes que andaram com eles de braço dado.

O Sócrates não é apenas culpado pelas comissões ilegais que cobrou, mas também pelas políticas que levaram o Estado e o sistema financeiro ao colapso. Não admira, repito, que a esquerda queira focar a atenção dos media sobre o anterior governo, que mais não pôde ser do que a "comissão de liquidação" de um sistema falido. O PS apenas procura que não se faça um juízo completo do que constituiu um total desperdício para Portugal em todos os níveis, que foi o seu período no poder.

Depois de uma descolonização feita de acordo com os interesses das duas superpotências da Guerra Fria, a esquerda liquidou a hipótese de Portugal convergir com a "Europa" em nome da qual quis liquidar o Império. Esta é que é a grande verdade.

majoMo disse...

> "Depois de uma descolonização feita de acordo com os interesses das duas superpotências da Guerra Fria, a esquerda liquidou a hipótese de Portugal convergir com a "Europa" em nome da qual quis liquidar o Império. Esta é que é a grande verdade."

Interessante e realista observação. Não admira, pois, o gáudio que as elites dominantes têm pelas 'causas fracturantes' - sempre oportunas para distrair os incautos...

Euro2cent disse...

> 'causas fracturantes' - sempre oportunas para distrair os incautos...

Nem mais. Melhor ainda, põem o gado à bulha por coisas sem impacto económico. Entretenimento grátis, baixa coesão social, neutralização política, com aparência do contrário, para dar aos jovens causas que os ocupem inofensivamente . "Olhó casamento gay, é pó menino e pá menina ..."

"What's not to like?"

Se eu fosse bilionário, e quisesse continuar a ser, financiava umas coisas dessas, sei lá, arranjava um jornal pinoca onde se pudessem arautear essas causas à vontade ...

(Espera aí ...)