A descoberta de uma teoria que explica, de
forma verosímil, a origem da vida por um processo de abiogénese, foi, para mim,
uma descoberta extraordinária. Como biólogo (um médico tem o ADN de um biólogo)
foi como “subir a um monte e ver a Terra prometida”.
Descansem, os leitores que me têm acompanhado
nesta descoberta, que eu estou perfeitamente consciente de que se trata de uma
hipótese científica e que, portanto, vale o que vale. Contudo é uma hipótese de
tal modo fascinante que vale a pena explorar todas as suas implicações.
Particularmente em termos filosóficos. Não o fazer, seria miopia mental.
É uma hipótese que foi contemplada, e
considerada admissível, por génios como Ludwig Boltzman e Erwin Schrödinger, cientistas como o
astrobiólogo da NASA Kenneth Nealson e autores como Eric Schneider e Dorion
Sagan. É portanto património da chamada ciência normal.
Trata-se,
porém, de matéria científica muito recente. O livro que aqui citei, por
diversas vezes, ‹‹Into the Cool – Energy Flow Thermodynamics and Life›› foi
publicado apenas em 2005.
Acresce que
muitos artigos entretanto publicados exploram teses contraditórias sobre esta
matéria, deixando-nos num “mar de entropia”.
A área em
que a confusão é maior tem a ver com a relação entre a física (Boltzman, Gibbs
- termodinâmica pura) e a teoria da informação (Shannon). Há quem afirme que
não há qualquer relação entre energia e informação e há quem pense o contrário.
Eu conto-me entre estes últimos. Porquê?
Porque não
sendo físico (embora tenha estudado física e química a nível universitário)
recuo com mais facilidade para leis e princípios a priori – eis uma grande
vantagem do estudo interdisciplinar. Para mim, a Primeira e a Segunda Lei da
Termodinâmica são Leis Universais. A entropia do Universo só pode aumentar.
Até agora eu
tinha circunscrito o propósito da vida à biologia. E o do Homo Sapiens também.
Sempre descartei qualquer outra possibilidade por não ser racional, obrigaria a
uma fé no transcendente. Fé que eu não tenho.
Aos ombros
do Boltzman e do Schrödinger, porém, consigo ver mais longe. Há um propósito,
inscrito na matéria inorgânica, que foi transposto para a matéria viva. Esse propósito,
que foi descrito como “reduzir um gradiente de entropia”, não pode deixar de
orientar todos os seres vivos, nós incluídos. É um imperativo de Leis
Universais.
Podemos
negar este propósito? Com certeza que sim porque todas as hipóteses científicas
podem um ser falsificadas. O problema é que “é o único jogo na cidade”. A
alternativa é ler folhas de chá ou procurar sinais no céu.
Na minha
reflexão sobre esta problemática, introduzi algumas hipóteses.
A mais
importante é que a relação entre a informação e a física pode ser mediada pelos
seres humanos. Na realidade, a informação só tem existência efetiva quando interpretada pela razão e a razão necessita de
um suporte físico que é o corpo humano.
O corpo
humano, porém, é um sistema termodinâmico que, para manter a sua organização interna,
necessita de negentropia – energia utilizável. Quem dispõe de informação extrai
mais negentropia do meio ambiente (eis a relação). Igualmente,
para armazenar, recuperar e trocar informação, é necessária energia.
A segunda
hipótese é que em condições termodinâmicas adversas, a eficácia da máquina
“corpo humano” é menor e, portanto, as populações locais ficam com menos
capacidade energética para gerir informação. Esta condição estaria associada a mais
entropia social – desordem, caos, guerras, etc.Esta
hipótese permite interpretar as assimetrias entre o equador e as latitudes mais
a Norte e a Sul.
Por fim, e esta foi a hipótese mais arrojada, contemplei que seria possível desenvolver uma ética com base na física. Compreendo que se considere esta hipótese chalada, mas por outro lado...
Por fim, e esta foi a hipótese mais arrojada, contemplei que seria possível desenvolver uma ética com base na física. Compreendo que se considere esta hipótese chalada, mas por outro lado...
Se o
propósito da vida for de natureza física, é evidente que aquilo que
consideramos ser o Bem nunca poderá ser contrário a esse propósito.
Quando me
limitava à biologia, afirmava que o Bem é tudo o que contribui para o
“Crescimento e Multiplicação” da espécie. Reparem, este conceito não é
imediatamente intuitivo, mas, por outro lado, sabemos que o Bem nunca
poderia levar à destruição da espécie, senão seria um Mal.
Estou
convencido de que esta nova perspectiva de olhar para a vida na Terra e para o
Homo Sapiens tem um potencial tremendo para todas as áreas do conhecimento.
A Ayn Rand
dizia que ‹‹mudar o mundo é a coisa mais fácil, basta pensar››. E é o que eu
estou a fazer e o desafio que lanço a todos. Um leitor, chamou-me jocosamente,
o Schrödinger do Porto... eu achei um elogio. Agora pergunto, porque é que não
hão-de haver no Porto, ou em Portugal, pessoas que pensem.
É a coisa
mais fácil!
5 comentários:
Torna-se dolorosamente óbvio que a capacidade mental dos seres humanos é excessiva para as suas necessidades - algures no passado a maquinaria de reconhecimento de padrões necessária à sobrevivência desembestou, e a partir daí os desgraçados passaram a acartar neurónios desocupados, com consequências funestas.
A parte mais espantosa é como esses neurónios justificam as suas elocubrações mais mirabolantes. Vêem padrões ocultos em cada sombra, e caçam fantasmas ilusórios com grande afã.
Sucesso, é que é pouco, ou nenhum - o grande sistema que traga a felicidade à espécie está tão perto de ser descoberto hoje como há três mil anos. Mas isso não é coisa que detenha os caçadores de fantasmas.
Pensar é fácil.
"A Ayn Rand dizia que ‹‹mudar o mundo é a coisa mais fácil, basta pensar››. E é o que eu estou a fazer e o desafio que lanço a todos. Um leitor, chamou-me jocosamente, o Schrödinger do Porto... eu achei um elogio. Agora pergunto, porque é que não hão-de haver no Porto, ou em Portugal, pessoas que pensem.
É a coisa mais fácil!"
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e quando e que a termodinamica chega a conclusao que o Euro foi um erro economico historico??
"Agora pergunto, porque é que não hão-de haver no Porto, ou em Portugal, pessoas que pensem."
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e bom que pensem depressa, em vez de andarem por ai a divagar...quando e que Portugal sai do Euro!!?? A Lei da Termodinamica diz que foi um erro colossal a entrada de Portugal no Euro e ´e igualmente um colossal erro a sua permanencia...
Mas não falta quem pense. Só que pensam como aqui a rapaziada: mal, mal mesmo..
Pensam disparates. Portugal é um país de poetas.
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