05 janeiro 2014

ponto da situação


A descoberta de uma teoria que explica, de forma verosímil, a origem da vida por um processo de abiogénese, foi, para mim, uma descoberta extraordinária. Como biólogo (um médico tem o ADN de um biólogo) foi como “subir a um monte e ver a Terra prometida”.
Descansem, os leitores que me têm acompanhado nesta descoberta, que eu estou perfeitamente consciente de que se trata de uma hipótese científica e que, portanto, vale o que vale. Contudo é uma hipótese de tal modo fascinante que vale a pena explorar todas as suas implicações. Particularmente em termos filosóficos. Não o fazer, seria miopia mental.
É uma hipótese que foi contemplada, e considerada admissível, por génios como Ludwig Boltzman e Erwin Schrödinger, cientistas como o astrobiólogo da NASA Kenneth Nealson e autores como Eric Schneider e Dorion Sagan. É portanto património da chamada ciência normal.
Trata-se, porém, de matéria científica muito recente. O livro que aqui citei, por diversas vezes, ‹‹Into the Cool – Energy Flow Thermodynamics and Life›› foi publicado apenas em 2005.
Acresce que muitos artigos entretanto publicados exploram teses contraditórias sobre esta matéria, deixando-nos num “mar de entropia”.
A área em que a confusão é maior tem a ver com a relação entre a física (Boltzman, Gibbs - termodinâmica pura) e a teoria da informação (Shannon). Há quem afirme que não há qualquer relação entre energia e informação e há quem pense o contrário. Eu conto-me entre estes últimos. Porquê?
Porque não sendo físico (embora tenha estudado física e química a nível universitário) recuo com mais facilidade para leis e princípios a priori – eis uma grande vantagem do estudo interdisciplinar. Para mim, a Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica são Leis Universais. A entropia do Universo só pode aumentar.
Até agora eu tinha circunscrito o propósito da vida à biologia. E o do Homo Sapiens também. Sempre descartei qualquer outra possibilidade por não ser racional, obrigaria a uma fé no transcendente. Fé que eu não tenho.
Aos ombros do Boltzman e do Schrödinger, porém, consigo ver mais longe. Há um propósito, inscrito na matéria inorgânica, que foi transposto para a matéria viva. Esse propósito, que foi descrito como “reduzir um gradiente de entropia”, não pode deixar de orientar todos os seres vivos, nós incluídos. É um imperativo de Leis Universais.
Podemos negar este propósito? Com certeza que sim porque todas as hipóteses científicas podem um ser falsificadas. O problema é que “é o único jogo na cidade”. A alternativa é ler folhas de chá ou procurar sinais no céu.
Na minha reflexão sobre esta problemática, introduzi algumas hipóteses.
A mais importante é que a relação entre a informação e a física pode ser mediada pelos seres humanos. Na realidade, a informação só tem existência efetiva quando  interpretada pela razão e a razão necessita de um suporte físico que é o corpo humano.
O corpo humano, porém, é um sistema termodinâmico que, para manter a sua organização interna, necessita de negentropia – energia utilizável. Quem dispõe de informação extrai mais negentropia do meio ambiente (eis a relação). Igualmente, para armazenar, recuperar e trocar informação, é necessária energia.
A segunda hipótese é que em condições termodinâmicas adversas, a eficácia da máquina “corpo humano” é menor e, portanto, as populações locais ficam com menos capacidade energética para gerir informação. Esta condição estaria associada a mais entropia social – desordem, caos, guerras, etc.Esta hipótese permite interpretar as assimetrias entre o equador e as latitudes mais a Norte e a Sul.

Por fim, e esta foi a hipótese mais arrojada, contemplei que seria possível desenvolver uma ética com base na física. Compreendo que se considere esta hipótese chalada, mas por outro lado...
Se o propósito da vida for de natureza física, é evidente que aquilo que consideramos ser o Bem nunca poderá ser contrário a esse propósito.
Quando me limitava à biologia, afirmava que o Bem é tudo o que contribui para o “Crescimento e Multiplicação” da espécie. Reparem, este conceito não é imediatamente intuitivo, mas, por outro lado, sabemos que o Bem nunca poderia levar à destruição da espécie, senão seria um Mal.
Estou convencido de que esta nova perspectiva de olhar para a vida na Terra e para o Homo Sapiens tem um potencial tremendo para todas as áreas do conhecimento.
A Ayn Rand dizia que ‹‹mudar o mundo é a coisa mais fácil, basta pensar››. E é o que eu estou a fazer e o desafio que lanço a todos. Um leitor, chamou-me jocosamente, o Schrödinger do Porto... eu achei um elogio. Agora pergunto, porque é que não hão-de haver no Porto, ou em Portugal, pessoas que pensem.
É a coisa mais fácil!

5 comentários:

Euro2cent disse...

Torna-se dolorosamente óbvio que a capacidade mental dos seres humanos é excessiva para as suas necessidades - algures no passado a maquinaria de reconhecimento de padrões necessária à sobrevivência desembestou, e a partir daí os desgraçados passaram a acartar neurónios desocupados, com consequências funestas.

A parte mais espantosa é como esses neurónios justificam as suas elocubrações mais mirabolantes. Vêem padrões ocultos em cada sombra, e caçam fantasmas ilusórios com grande afã.

Sucesso, é que é pouco, ou nenhum - o grande sistema que traga a felicidade à espécie está tão perto de ser descoberto hoje como há três mil anos. Mas isso não é coisa que detenha os caçadores de fantasmas.

Pensar é fácil.

Anónimo disse...

"A Ayn Rand dizia que ‹‹mudar o mundo é a coisa mais fácil, basta pensar››. E é o que eu estou a fazer e o desafio que lanço a todos. Um leitor, chamou-me jocosamente, o Schrödinger do Porto... eu achei um elogio. Agora pergunto, porque é que não hão-de haver no Porto, ou em Portugal, pessoas que pensem.
É a coisa mais fácil!"
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e quando e que a termodinamica chega a conclusao que o Euro foi um erro economico historico??

Anónimo disse...

"Agora pergunto, porque é que não hão-de haver no Porto, ou em Portugal, pessoas que pensem."
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e bom que pensem depressa, em vez de andarem por ai a divagar...quando e que Portugal sai do Euro!!?? A Lei da Termodinamica diz que foi um erro colossal a entrada de Portugal no Euro e ´e igualmente um colossal erro a sua permanencia...

Anónimo disse...

Mas não falta quem pense. Só que pensam como aqui a rapaziada: mal, mal mesmo..

zazie disse...

Pensam disparates. Portugal é um país de poetas.