28 novembro 2013

parecer que se faz o bem

Patrick Monteiro e os outros defensores do SMN deviam ter vergonha de impor a desertificação do interior ao impor barreiras à oferta (e aceitação) de empregos em zonas de baixo rendimento.

Só o perceberão se imaginarem que na Grande Lisboa tendo em conta o seu rácio de poder de compra relativamente ao resto do país, tal como Portugal tem em relação a outros com maiores SM, devia ser de uns 675€ e no resto do país uns 380€.

O SMN tem outro efeito no interior, só as grandes empresas com grande capital conseguem criar procura de emprego no interior cumprindo todas as exigências. Por exemplo, as grandes superfícies. O comércio local, tem dificuldade em cumprir com o SMN. Imaginem as mercearias de bairro no interior. Podiam talvez empregar jovens ou adultos mais desabilitados, quem sabe, a morar em casa de família em conjunto com alguma auto-produção. Um pequeno emprego seria um complemento bem vindo. Ao menos fosse o SM decisão do município local.

Mas não podem. Existe os que gostam de fazer o bem pelo proibicionismo. Não permitindo os pequenos negócios locais iniciarem-se e acumularem capital e crescerem, ficam os locais dependentes dos habituais investimentos negociados pelo poder central, com programas de incentivos que adoram conceder, com grandes empresas que vão cumprir, claro, com o SMN. E ficam orgulhosos. O hubris do bem intencionado que em vez de fazer a caridade ou dar os meios a quem a faça, se põe a dispor da vida dos outros, é uma praga na humanidade. É mais um problema de misturar a moral com a ética.

10 comentários:

Anónimo disse...

CN

Concordo com o SM por região, melhor ainda um SM digno por hora. Mas discordo do mantra dos malefícios do SM:

vêem-se cada vez mais defensores dos mini micro negócios, dos sem escrupulos e dos tadinhos desqualificados que vivem de umas migalhinhas e complementos... e cilindram os muitos que se sustentam e sustentam famílias, procurando um mínimo para viver dignamente, seriamente.

(ninguem impede de empresas e trabalhadores terem minitarefas minipaga, à peça ou à hora... para isso há recibos verdes e contratos, não precisa ser um micro emprego, é abominável pagar tão mal por 8 ou mais horas de vida de alguém)


Esses são muitos mais, mas parece que não contam. Se há praga actual e pouco enriquecedora do mercado são as so called startups e negócios atamancados, no limiar da legalidade, que sobrevivem à custa de estagiarios e minimos vergonhosos. Que tornaram esse modus operandi num vicio, sem qualquer intenção de evoluir. Esses sim minam a economia... deviam ser incentivados a melhorar e não o mercado vergar-se a servir o vício.

CN disse...

Se fosse possível a proprietários de pequenos negócios explorar com lucros acima do normal, o trabalho dito precário, haveria muito quem procurasse ter um pequeno negócio. Não há.

Anónimo disse...

Bem, esses argumentos nao colhem. De forma alguma.
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Vc pode usar esses mesmos argumentos para tudo.
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Nada contraria os seus argumentos. Se um pobrezinho precisa de comer aceita trabalho a troco de uma codea de pão. Nao ha duvida alguma disso. Vc repare, qdo contrata alguem tem de proporcionar ao trabalhador certas condicoes. O salario é apenas uma delas. Os seus argumentos levariam ao ridiculo de poder haver um trolha q pinta predios e prescindir de usar arnês de segurança para ser mais barato. Ou um operario nao se importar de nao usar máscaras nas fabricas de baterias porque precisa muito do trabalho.
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Mas O problema nao é esse. O problema é q, como se viu no passado, se existe possibilidade de contratar um ucraniano a preco da uva mijona, por que raios haverao os empresarios de contratar um matarruano?
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Um SM deve ser funçao de muita coisa. Nao apenas da regiao e sector de actividade, mas tambem em funcao do salario mediano de cada regiao e sector.
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A OCDE, nos seus inumeros estudos acerca do assunto, demonstra claramente q um SM fixado em torno de 60% do salario mediano nao tem impacto no desemprego. É indiferente para a taxa de desemprego um SM em torno daquele valor. Mas nao é indiferente para a dignidade de cada pessoa considerada.
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Rb

Ricciardi disse...

Bem, mas vc tem o exemplo de um país onde metade dos estados tem SM e a outra metade não tem SM. Os EUA.
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Os estados que têm o SM tem um desemprego ligeiramente inferior aos outros.
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Mais a mais, em Portugal um jovem pode receber por lei 80% do SMN.O que dá 380 euros liquidos por mês.
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Ok, eu sei, vc dirá, epá mas o empresário devia poder pagar 250 euros ao jovem.
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Rb

Anónimo disse...

Neste momento o atual smn deve contribuir mais para a destruição de emprego , do que o que aconteceria se fosse aumentado.

Uma economia saudavel é feita de equilibrios e isto está demasiado desiquilibrado para o lado oposto.

JC

CN disse...

Bem, esses argumentos nao colhem. De forma alguma. Vc pode usar esses mesmos argumentos para tudo. "

E uso. Mas existem mais: Existe alguma razão para as empresas pagarem mais que o SMN? Se o que dizem ser verdade, porque não baixam o salário ate´ao SMN para terem mais lucros?

Anónimo disse...

"Se fosse possível a proprietários de pequenos negócios explorar com lucros acima do normal, o trabalho dito precário, haveria muito quem procurasse ter um pequeno negócio. Não há."

A sério CN?

O que é então isto: "Procura-se estagiária para loja comercial, não remunerada com disponibilidade imediata, tel 918299711", um dos muitos que pode encontrar aqui. Divirta-se a encontrá-los em http://www.pinterest.com/GanhemVergonha/an%C3%BAncios-de-emprego-vergonhosos/

Claro que só aceita quem quer. Mas muitos são de facto tentativas de exploração vergonhosa de expectativas (de ficar num cargo, de evoluir) que o empregador não tenciona jamais cumprir.

Como enquadra isto no modelo do mercado livre? Eu que prezo a livre iniciativa não sei, palavra...

Anónimo 1

Anónimo disse...

ou isto...http://brokegirlsmagazine.blogspot.pt/2013/05/as-empresas-fraude-de-portugal-e-como.html

CN disse...


Num cenário de crise e alto desemprego jovem, o estágio é uma forma de comprar CV.

Mesmo em situação regular os estágios jovens não remunerados, em muitas profissões, equivalem a ter formação sem nada pagar.

Não sou eu que me vou meter no meio dos julgamentos de uns e outros, e as suas decisões voluntárias.

Posso fazer um juízo moral, que só pode ser feito caso a caso, em cada circunstância concreta.

A condenação pura e simples, sem mais, é um excesso.

Anónimo disse...

CN,
Compreendo, mas isso era antes.
Estagiei há mais de uma década sem remuneração, alguns meses, sem problema. Recebi mais do que dei.
É o estagiário que precisa do estágio... normalmente procura-o.

Nenhuma empresa "precisa" de estagiários, muito menos assim em massa. Quando se acotovelam porque "precisam" de estagiários alguma coisa está muito mal. E sim, nada contra estágios não remunerados, tudo contra empresas sem escrupulos. Aliás isto é mesmo caso para a Autoridade do trabalho actuar. A condenação pura e simples não é um excesso, é um dever.