23 novembro 2013

o resultado

Em termos laicos, o protestantismo e a filosofia moderna que dele derivou, atacaram três ideias principais: mulher, comunidade e tradição. Ao fazê-lo, desferiram um potente ataque à pessoalidade das relações humanas. A norma das relações entre as pessoas passou a ser a da impessoalidade, em que cada um olha para os outros como se fossem todos iguais, sem distinção entre pai e amigo, amigo e desconhecido, conterrâneo e estrangeiro, mulher e filha, professor e aluno, médico e paciente.

Deste ponto de vista, o protestantismo e  a modernidade são talvez a maior devassa que a humanidade já conheceu à intimidade das pessoas porque é precisamente da intimidade que derivam as relações pessoais e que resulta a sua gradação entre pai e mero amigo, entre amigo e desconhecido, entre português e estrangeiro.

As modernas ciências sociais - como a Economia, a Ciência do Direito, a Ciência Política, a Sociologia -  nasceram todas da filosofia moderna que é filha do protestantismo religioso.

E o que visavam originalmente essas ciências?

Procurar descobrir as condições em que um colectivo de pessoas, que são largamente indiferentes umas às outras - quando não mesmo adversárias ou inimigas - poderiam viver em conjunto com um mínimo de harmonia e prosperidade, quais os mecanismos sociais - se é que eles existiam - que permitiriam compatibilizar pessoas que não querem saber umas das outras.

É claro que Portugal, como de resto a Espanha, a Itália ou a Grécia, que se opuseram à reforma religiosa, nunca poderia ser o berço da Economia, da Ciência do Direito, da Ciência Política ou da Sociologia. Mas  Portugal possui uma cultura universal, que é uma cultura que imita tudo, e hoje também tem os seus economistas, os seus juristas, os seus politólogos e os seus sociólogos.

O aspecto importante é que o ponto de partida de todas estas ciências sociais é uma sociedade dividida, inicialmente pelas seitas religiosas do protestantismo,  e onde as pessoas são largamente indiferentes umas às outras. Numa sociedade não-dividida, numa verdadeira comunidade, como tradicionalmente é Portugal, os economistas, os juristas, os politólogos e os sociólogos, para poderem trabalhar, vão ter, em primeiro lugar, de a dividir. Quem olhar hoje para Portugal pode ver o resultado.

12 comentários:

zazie disse...

Desculpe, PA, mas tenho de deixar recado para o Birgolino:

Está bonito, pois. Já mudou aquele azul dos links.

Agora bastava tirar o sublinhado e colocar apenas sombra por cima.

Ficou altamente

Anónimo disse...

"Ao contrário da tradição protestante, que consagrou a consciência individual - garantindo desta forma e segundo Max Weber, um terreno propício ao triunfo e desenvolvimento do capitalismo -, a nossa tradição católica, acostumou-nos a julgar as presunções individualistas como qualquer coisa de pecaminoso."
"É necessário dizer que nem todas as teorias filosóficas são igualmente radicais na tese do egoísmo individual. O ser natural de Locke, por exemplo, é mais sociável, e também o de Hume. Rousseau, em troca, verá o estado social como a perversão de uma hipotética natureza inocente e piedosa. No que se refere a Kant, é difícil encontrar na sua obra ética e política uma visão da natureza humana como algo não pecaminoso e desviável, irredimível neste mundo."
Victoria Camps, "Paradoxos do Individualismo".

Anónimo disse...

Olá Zazie,

O template não permite essas aterações e alterar o code não é a minha especialidade.
Mesmo assim tentei e não foi possível
:-(

Joaquim

zazie disse...

Permite, pois, seu maluquito.

Pois se v. já alterou tanto.

Basta editar o css e depois tira o underscore onde diz link

Eu logo explico-lhe

Beijocas

Rui Alves disse...

"As modernas ciências sociais - como a Economia... nasceram todas da filosofia moderna que é filha do protestantismo religioso"

Então e a pioneira Escola de Salamanca do século XVI, onde despontaram pioneiros como o Bisco Diego de Covarrubias e o jesuíta Luis de Molina?

http://cafeodisseia.blogspot.pt/2009/04/origens-do-pensamento-ocidental-escola.html


Anónimo disse...

Este é só para lhe dar os parabéns, Professor. Ouvi-o atentamente anteontem na entrevista que deu à RTP-Inf. (finalmente!) a propósito do lançamento do seu livro "F" e, como seria de esperar, gostei bastante das respostas por si dadas. Aliás todas elas no seguimento dos excelentes textos/análises/pensamentos (como queira) sobre tradição e comunidade que desde há largo tempo aqui tem vindo a deixar e que confortam a alma de qualquer leitor católico, praticante rigoroso da religião ou não, que assim genuìnamente se considere.
Maria

zazie disse...

Olhe aqui:

a.classedolink {
background: #f0f0f0 /* cor normal do BG */
}
a.classedolink:hover {
background: #0f0f0f /* cor do BG quando passar o rato */
}

Veja aqui.
http://www.echoecho.com/csslinks.htm
tem de tirar o underline.

Escreve underline: none

Anónimo disse...

Zazie,

Tanto quanto eu consigo ver a Google não permite editar esse code do template.

Já procurei...

Joaquim

zazie disse...

O Blogger- v. tem o template no blogger, seu maluquito.

O Google não tem nada a ver com isso.

Claro que pode editar, ou como é que julga que eu tinha aquele template no Cocanha.

Nem parece coisa de cirurgião. Então esses dedinhos, sô Birgolino?

zazie disse...

V. pode editar e guardar esse e depois altera.

Eu tinha uma data de revisões nos templates.

Pode-se em formato de modelo e no outro, também.
...............

Mas então, conte lá. Se nem editou, demorou uma semana a mudar estas coisitas?

eehheheheheheh

zazie disse...

https://support.google.com/blogger/answer/46870?hl=en&ref_topic=3339246

zazie disse...

Olhe aqui:

http://i19.photobucket.com/albums/b159/panotea/editarblog_zps56197472.jpg

Edita com esse modelo porque esse não é dos novos, teve de fazer upload e depois emenda o código e guarda.