A maior empresa
de um dos países mais populosos do mundo estava prestes fazer investimento
importante. Como é costume nestas situações, decidiram chamar uma equipa de
consultores para ajudar na tomada de decisão. Tendo trabalhado com eles no
passado, foi-me pedido para liderar a equipa. Durante 6 semanas de trabalho
intensivo percorri com a minha equipa todas as opções possíveis. Analisámos até
ao mais ínfimo detalhe as implicações de cada uma das alternativas de
investimento. No dia da apresentação das recomendações, a análise estava à
prova de bala. Passei 3 horas a apresentar e a responder a perguntas de
executivos que já trabalhavam no negócio ainda eu estava a aprender a ler. No
final da reunião, o CEO da empresa encontrou-se comigo para agradecer pelo trabalho,
totalmente convencido das recomendações que tinha acabado de dar. Faltava um
último passo: o de convencer o board (que incluía representantes dos accionistas
e do estado) a aceitar essas recomendações. Foi aí que ele me disse, de forma
cândida, algo do género “Carlos, we will need some gray hair on your side in
the board meeting”. A mensagem foi clara: não bastava a análise, a
metodologia perfeita ou o trabalho intensivo, não bastava ter construido
argumentos racionais, era necessário que os accionistas sentissem o conforto de
ver a recomendação dada por alguém com décadas de experiência. Um dos meus superiores
hierárquicos voou de Londres até ao Dubai para participar nessa reunião final. Oito
horas de vôo para um discurso de dois minutos que poderia ser resumido em:
ouçam o que este puto vai dizer, ele tem razão. Correu tudo bem.
4 comentários:
Por momentos pensei que o investimento era em Portugal... mas os portugueses são todos bons é lá fora... óptimos!... -- JRF
Eh pá, tu és um gajo do caraças! Ainda és um puto mas já és quase tão vaidoso como o Arroja!
Faltava mesmo um Machete para dar seriedade à coisa
Boa :)
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