09 outubro 2013

Gray hair

A maior empresa de um dos países mais populosos do mundo estava prestes fazer investimento importante. Como é costume nestas situações, decidiram chamar uma equipa de consultores para ajudar na tomada de decisão. Tendo trabalhado com eles no passado, foi-me pedido para liderar a equipa. Durante 6 semanas de trabalho intensivo percorri com a minha equipa todas as opções possíveis. Analisámos até ao mais ínfimo detalhe as implicações de cada uma das alternativas de investimento. No dia da apresentação das recomendações, a análise estava à prova de bala. Passei 3 horas a apresentar e a responder a perguntas de executivos que já trabalhavam no negócio ainda eu estava a aprender a ler. No final da reunião, o CEO da empresa encontrou-se comigo para agradecer pelo trabalho, totalmente convencido das recomendações que tinha acabado de dar. Faltava um último passo: o de convencer o board (que incluía representantes dos accionistas e do estado) a aceitar essas recomendações. Foi aí que ele me disse, de forma cândida, algo do género “Carlos, we will need some gray hair on your side in the board meeting”. A mensagem foi clara: não bastava a análise, a metodologia perfeita ou o trabalho intensivo, não bastava ter construido argumentos racionais, era necessário que os accionistas sentissem o conforto de ver a recomendação dada por alguém com décadas de experiência. Um dos meus superiores hierárquicos voou de Londres até ao Dubai para participar nessa reunião final. Oito horas de vôo para um discurso de dois minutos que poderia ser resumido em: ouçam o que este puto vai dizer, ele tem razão. Correu tudo bem.

4 comentários:

Anónimo disse...

Por momentos pensei que o investimento era em Portugal... mas os portugueses são todos bons é lá fora... óptimos!... -- JRF

Anónimo disse...

Eh pá, tu és um gajo do caraças! Ainda és um puto mas já és quase tão vaidoso como o Arroja!

CCz disse...

Faltava mesmo um Machete para dar seriedade à coisa

João Pedro Neto disse...

Boa :)