19 setembro 2013

Foi promovido;

Para veres o ónus que a democracia partidária representa em Portugal, vou-te contar um episódio recente.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, que é também o líder do segundo partido da coligação governamental, demitiu-se do governo de forma irrevogável.

A Bolsa de Lisboa caiu com estrondo, as acções de um banco estiveram nesse dia a cair 65%, e nunca mais recuperaram; as taxas de juro sobre os títulos de dívida pública subiram em flecha, acrescentando um ónus adicional sobre o contribuinte português; o Governo teve de pedir à Troika um diferimento da próxima avaliação, o que também significou o diferimento da entrada em Portugal da próxima tranche do empréstimo.

-Depois de tudo isto, sabes o que é que lhe aconteceu?

A V. olhava para mim de olhos fixos, e abanou ligeiramente a cabeça.

-Foi promovido a vice-primeiro-ministro

42 comentários:

joserui disse...

Então e o que há de elogiar e dizer bem "do que é português" aqui? Criticar é pouco... isto já nem com pau de marmeleiro lá vai...
Mas digo-lhe uma coisa... a nossa influência na Europa deve ser enorme... enorme! Andava por aí um Constâncio a passear a cabeça em cargos de alto prestígio... deixou o sistema bancário em roda livre... pariu isto tudo ou deixou parir em milhares de milhões... e o que lhe aconteceu? Foi promovido a vice-presidente do BCE... -- JRF

Vivendi disse...

Eu já só quero saber onde anda o ouro português. Os alemães também andam atrás do dele.

Essa herança de Salazar nenhum português a pode negar.

Zephyrus disse...

O caro Professor defende o proteccionismo mas alguns sectores como o calçado estão a portar-se muito bem, e mesmo o têxtil, os vinhos e o mobiliário também se renovaram. Nos últimos anos apareceram novas empresas, de pequenos empresários, que estão a exportar, especialmente na área alimentar.


Falta o mercado interno, que deveria consumir mais português e menos estrangeiro, pois as exportações até se têm portado bem.

A última vez que fui a Itália havia cartazes por todo o lado, a incentivar o consumo de produtos italianos.

Talvez uma campanha dessas que mobilizasse os portugueses fizesse sentido.

Por cá compra-se com fartura da marca Dia e no Lidl, mas o povo esquece que é baratinho mas é importado. Tal como as roupas baratas dos centros comerciais.

Antigamente os portugueses da província, quando queriam roupa barata, iam às feiras. Roupa das fábricas do Norte, como se sabe. Agora há a Zara, a C&A, a Springfield. Portugal deveria ter as suas marcas de roupa e calçado «low cost». Para o mercado interno.

Portanto, não me parece que seja necessário o proteccionismo que defende, nem desejável, pois no passado beneficiou indústrias desactualizadas da época que vendiam produtos caros devido à falta de concorrência internacional.

Ricciardi disse...

Mas seria interessante que cada um de nós fizesse um exercício simples e revelasse, no seu dia-a-dia, aquilo que vai consumindo.
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Quando nos levantamos o Despertador que toca é de marca asiatica. Acendo a luz com lampadas Osram feitas na china. Pegamos na maquina de barbear holandesa. Na pasta dentifica amaricana. O papel higienico é orgulhosamente portugues. Bebemos um café africano. Um leite portugues açoriano. Um iogurte provavelmente italiano. Vestimos umas calças de ganga gringas ou um fato italiano. Pego nas chaves do carro sueco enquanto a mulher sai com um italiano (salvo seja). Sento o rapaz na cadeirinha italiana da Chicco. Meto o material escolar estrangeiro todo ele (cada vez mais) na pasta dele. Paro na bomba de gasolina da repsol, encho de ar os pneus franceses ou alemães. Corto a relva com um tractor Brigs & Straton gringo, corto as beiras com uma roçadora Sthill alemã. Como provavelmente um bife holandes ou brasileiro, um belo vinho portugues. Acendo a televisão Koreana... e teclo num hp ou num ipad americano. Telefono de um aparelho koreano para o telefone da minha filha que é americano por meio de satélites americanos. Uso os softwares windows para gerir o sistema, o excel para fazer contas e o word para textos. Recebo textos em pdf. Gringos todos eles.
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Rb

Zephyrus disse...

Pasta dentífrica? Uso a Couto. A pasta da Couto é vendida lá fora como produto gourmet. No ebay tem saída nos leilões a 10 dólares. Não tem flúor e nos EUA há uma grande polémica em torno dos efeitos nocivos do flúor no SNC. Cá arranjo a Couto a menos de 2 euros.

Sabonetes da Castelbell, comprados perto dos Aliados, duas ou três vezes mais baratos que o preço de venda nos EUA e no Reino Unido. Por cá o produto é pouco conhecido mas lá fora é «gourmet».

Peixe vem do Bolhão, só peixe de mar e da nossa costa.

Os móveis cá de casa vieram de Paços de Ferreira há 40 anos e ainda estão óptimos.

Café é da Delta. Portugal tem provavelmente o melhor café do mundo, até que me provem o contrário.

Roupa e calçado não compro português. Para mim nada como a roupa italiana, é a que tem mais qualidade.

joserui disse...

Caro RB, mas tem alternativa?
A minha filosofia nesse aspecto é simples:
Regra 1: Só compro se tenho dinheiro.
Regra 2: Prefiro esperar e comprar aquilo que julgo ser qualidade do que comprar tralha barata.
Regra 3: Alimentação de preferência só nacional e o mais local possível. Acho que 90% no mínimo é português o que entra em casa.
Regra 4: Tudo o resto se houver português pondero... mas não faço favores, nem apoio a indústria nacional em nada. Só compro se tiver percepção que é bom (exemplo, vista alegre, atlantis, cutipol...).
-- JRF

zazie disse...

Café Negrita- excelente!

zazie disse...

Mobiliário com um século- art déco- todo português

":OP

zazie disse...

Ainda no outro dia comprei um armário de casa de banho, português, com mais de 100 anosm por 30 euros.

Lindo de morrer e como novo- madeira maciça

zazie disse...

Só pelo mobiliário dá para provar como é mentira o mito de quqe isto éra um atraso de vida no tempo do Salazar.

A arte nova e art déco eram populares.

Foi uma aclimatação local, tipo manuelino com o plateresco. E depois popularizou-se.

Ainda há bem pouco tempo tinhamos os móveis da Olaio que também eram deliciosos.

Agora são para coleccionadores de vintage.

zazie disse...

O mobiliário das cozinhas era espantoso. Tudo igual mas lindo.

E os mosaicos aos quadrados ainsa são de meter inveja ao David Lynch

eheheh

Temos coisas muito bonitas mas, estranhamente, já reparei que a populaça que ascendeu socialmente tem nojo disso.

Não querem arraiolos; preferem Ikea.

Zephyrus disse...

No tempo dos meus avós não havia praticamente contraplacados. Os móveis que os meus avós ofereceram aos meus pais vieram de Paços e estão como novos. A cozinha foi de carvalho e está lá, impecável.

Depois vieram as mobílias importadas, baratuchas, com os contraplacados.

Em Portugal também há excelentes edifícios art deco. Perto da casa dos meus pais demoliram um, em excelente estado, para dar lugar a um mamarracho.

zazie disse...

Exactamente. Foi assim e agora é tudo uma porcaria importada.

Arte déco é onde eu moro
ehehehe

Bairros lindíssimos. urbanização com jardins sem saída para rua, escadas de ferro, lindas de morrer, a melhor azulejaria do mundo.

Mas o problema, quanto a mim, foram os novos-ricos que começaram a desdenhar de tudo o que lhes lembrava as origens.

Nunca entendi esse fenómeno de filhos de camponeses passarem a ter vergonha do folclore, por exemplo.

E já assisti a esses preconceitos.

zazie disse...

Mas queres um exemplo. O maior bairro de arte déco de Portugal, que agora até estão a pensar em transformar em bairro histórico, tem cotação de casas como bairro de terceira.

E isto foi-me dito por um desses bimbos da Remax. Como nem existe mercado imobiliário e o analfabetismo e novo-riquismo é quem mais ordena, fazem-se estas anormalidades.

Não destruíram ainda porque é bairro típico e as pessoas gostam dele.

Mas em vindo esta "geração remax" não sei não.

Experimenta falar com um desses vendedores e tens o retrato da nossa burrice emproada.

zazie disse...

O modo como eles catalogam e dão preço às casas por bairro é o retrato dos desenraizados, filhos do betão.

Já não são nada. Nem citadinos, nem campónios, nem nada.

São qualquer coisa a imitar o estrangeiro por tv.

Zephyrus disse...

Coimbra tem das melhores moradias urbanas que já vi na Europa.

Para mim a arquitectura urbana em Portugal morreu depois dos anos 60. Acho tudo horrível.

Antigamente os móveis e os objectivos decorativos das classes médias ou média-alta tinham qualidade e passavam de pais para filhos.

As novas gerações compram as pechinchas várias vezes ao longo da vida, pois a qualidade é nula e não duram muito tempo.

joserui disse...

O lixo arquitectónico pós 25A é por demais... Lixaram tudo. Mas para contrariar o PA que diz que o português diz mal de tudo, eu digo bem da arquitectura contemporânea portuguesa... É do melhor do mundo e arredores e mais nada. Deram cabo de tudo por pato bravismo e falta de gosto, não por falta de arquitectura do melhor possível!... -- JRF

zazie disse...

Isso é verdade. Sempre tivemos grandes arquitectos.

zazie disse...

Mas também tivemos bons construtores e aí estou totalmente de acordo com o Zephyrus.

Zephyrus disse...

É curioso mas no Algarve é muito comum ver estrangeiros a comprar e a restaurar impecavelmente as casas tradicionais, com os materiais certos, ou seja, com madeiras em vez de alumínio, e por vezes cal em vez de tinta! Simultaneamente, os algarvios desprezam a arquitectura popular, para mim a mais rica de Portugal. Olhão era uma vila belíssima há 30 anos, com os edifícios da arquitectura cubista, e os palacetes e chalets. Nos últimos 30 anos os patos-bravos destruíram a vila. Também houve a introdução dos alumínios ou do azulejo ao estilo «azulejo de WC rasca».

No que conheço da Europa não encontrei arquitectura popular mais rica que a algarvia. E os locais não valorizam! Quem mais valoriza e restaura são os estrangeiros.

Zephyrus disse...

Portanto, importa lembrar que no passado houve excelentes mestres pedreiros. Não apenas excelentes arquitectos.

joserui disse...

Ah, mas isso é um problema!... é que eu refiro-me à arquitectura contemporânea... e a qualidade dos artesãos não está à altura da arquitectura e das soluções que os arquitectos... huh... arquitectam...
Quanto aos antigos nem é preciso dizer nada... basta ver o que ainda perdura... a rua onde eu morava era de paralelo e nunca vi nada mais certinho... aquilo desafiava a lógica... um belo dia resolveram escavacar para o saneamento... e pronto, nunca mais foi rua! Nem com máquinas, nem cilindros nem o catano... aquilo nunca mais foi rua... ficou uma merda indescritível até finalmente a asfaltarem!
Mas uma rua como aquela, tão boa? Só os romanos faziam e se calhar aprenderam cá! -- JRF

joserui disse...

O Algarve?... nem me apetece ir ao Algarve! Uma vez aluguei uma casa que tinha 13 variedades de azulejo diferente por fora!... Ou seriam 14?... Já disse isto? Verídico!
Estragava-me o dia de praia todos os dias ter de olhar para aquela aberração... como é que é possível?... Só me lembrava do engenheiro Pimenta quando foi secretário de estado do ambiente e a sua guerra contra os azulejos (a única pessoa decente que ocupou um cargo ambiental... depois até o energúmeno do Sócrates esteve no ambiente! A tratar da vidinha esse execrável)... -- JRF

Zephyrus disse...

O azulejo casa de banho rasca apareceu nos anos 70.

Mas saiba que ainda resta alguma coisa. Nas aldeias e no campo há excelentes chaminés rendilhadas, chalets e palacetes rurais, platibandas decoradas, açoteias.

Ricciardi disse...

Em todo o caso os nossos avós, de quem ainda usamos mobílias, eram modernos na altura.
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Eu não gosto muito da arquitectura moderna de exterior. O design não me enche o olho. Falta romantismo às obras. Mas o interior, nossa, o interior das casas é fantástico.
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Há lá coisa mais fantástica do que as Namoradeiras das janelas das casas antigas. Um mimo. Sento-me logo numa.
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Rb

muja disse...

Estou como o Rb.

A arquitectura contemporânea não vale nada e, pela maior parte, é mais "arqui-tetura" que outra coisa.

São só cubos de vidro e inox e betão. Não têm nada de humano, de "pessoa".
Mas tenho ténues esperanças que isso venha a mudar. Eu penso que há alguns arquitectos que estão fartos disso e querem pegar nas coisas tradicionais. O problema é que não sabem como. É capturar a essência em vez de imitar a forma.
O problema é que estão sempre a vir as modas de fora e não se dá tempo para que se cozinhe alguma coisa cá dentro.


zazie disse...

Pois é; o Algarve tinha arquitectura lindíssima e Olhão tem vindo a ser destruída.

Quanto à arquitectura, também não gosto de nada que ultrapasse aí, os anos 20, 30.

O último grande estilo decorativo foi a art déco.

Posso apreciar um edifício contemporâneo mas não para se tornar urbanismo.

Uma casa tem de ter esse romantismo de que fala o morgadinho da cubata.

zazie disse...

Mas pensei nisso do nosso povo não ter carinho pelo que é seu.

Não sei o motivo. Vai-se a Cornualha e aquilo está igualzinho ao que era no século XIX mas arranjado.

E quem lá vive continuam a ser pescadores. Não é só turismo. e têm orgulho naquelas casinhas tradicionais, cheias de flores.

zazie disse...

Tenho ideia que só muda por moda. A moda vintage é que tem recuperado muitas dessas tradições.

Em Lisboa existe um casal novo que anda a recuperar casas nos bairros tradicionais.

Mas, o problema é que sendo novos, se não tiverem família que ainda tenha casas antigas, eles próprios deconhecem uma série de detalhes.

Até um vão de uma porta ou de uma janela, dantes era trabalhado.

E as bandeiras nas janelas; as portyas de madeira em caixotão; as portas da rua em ferro trabalhado.

O raio do progresso matou isso tudo por caixotes de trampa.

E foi o design que matou os estilos (por muito que isto seja uma iconoclastia, a verdade é essa).

Depois a pancada do "The less is more" fez o resto.

zazie disse...

Gosto de Inglaterra por terem ainda urbanizações antigas.

Foi o Morris com o movimento do Arts and Crafts que deixou aquela espantosa herança.

Mas, se não for a legislação e até os moradores a imedirem uma série de construções, também havia novo-rico a fazer ainda mais cubos brancos à nipónica e jardins com palmeiras.

joserui disse...

Já vi que não concordo com ninguém na arquitectura... exemplo: fui ao Abocanhado em Brufe e acho aquilo explêndido. Do melhor possível.
E das casas, gosto dos cubos. Há aí coisas muito bem feitas. Muito mesmo... não quer dizer que não aprecie as outras. Aliás uma coisa que aprecio deveras é uma boa recuperação... adoro uma casa com 100 anos impecavelmente recuperada. A minha é de 1928... infelizmente correu mal o andar de baixo e enche-se de humidade... uma pena. -- JRF

zazie disse...

Não é bem isso.

Também tenho dificuldade em explicar como não gosto.

È mais o como do que o apreciar ou não esteticamente.

Vou tentar:

Eu posso apreciar muita arquitectura contemporânea. Agora o que digo é que nunca gostaria de a ver transformada em urbanismo.

Urbanismo é outra coisa- são os bairros onde se vive.

E aí, gosto de casas com formato de casas, de jardins que pareçam jardins e por aí fora. Porque são locais onde se vive e tudo isso se sente de outra forma que mera apreciação estética descontextualizada.

e penso que a melhor arquitectura é a natural- é a popular- porque está entrosada com o local, com a geografia, com os materiais, com a paisagem.

É como a ecologia- arquitectura deve ser escologia de requinte, mesmo que pobre.

Eu nem acho que existe arquitectura pobre- um excelente exemplo é a arquitectura tradicional- a algarvia, incluída.

Ser-se arquitecto e o oposto disto. O aruuitecto gosta de ser único, de impor a sua obra no local. Quando fazem bairros podem ser um perigo público.

zazie disse...

E acredito que a arquitectura é das coisas mais importantes para a nossa vida.

Nem sei como se pode ficar indiferente ao local onde vive.

Não fica- aquilo vai-se entranhando nas mais pequenas coisas.

zazie disse...

Por isso é que acho contra-natura a porcaria das pichagens.

E agora parece que querem legalizar a coisa e alugar espaços para fazerem essa merda.

Ps animais que cagam os prédios e paredes de tudo o que é sítio em redor do local onde vivem, deviam ser tratados porque só podem ser doentes mentais.

Idem para quem chama a isso arte.

zazie disse...

Mau urbanismo é isso- é cagar o território.

Zephyrus disse...

Olhão tinha muitos palacetes do século XIX, além das casas cubistas. Curiosamente, estas moradias dos séculos XIX e primeira metade do século XX tinham excelentes volumentrias, as divisões eram grandes. Hoje em dia vendem vivendas em banda com 110 m2 para uma família.

Na arquitectura popular algarvia a casa dizia muito sobre o proprietário, cada chaminé tinha o seu rendilhada único, as platibandas decoradas eram diferentes, as portas tinham padrões distintos e usavam o ferro forjado. Havia ainda casas com açoteia e cisterna, enquanto outras tinham o telhado em tesoura. Hoje em dia já não sabem restaurar nem fazer verdadeiros telhados em tesoura.

Se forem a Tavira tentem reparar nas portas antigas, aquilo é do melhor que há no mundo, e ninguém valoriza.

E depois a arquitectura popular algarvia usa símbolos de carácter místico/religioso, e as paredes tinham por vezes motivos mitológicos em argamassa, como sucede em edíficios na zona de Faro.

zazie disse...

Eu conheço.

E nem me fale dos telhados, chaminés e açoteias porque gosto de tal modo disso que ando com a maluqueira de mandar fazer um beiral para o meu quintal.

Mas é muito curioso o que diz porque o Algarve ainda é um enigam, em matéria de construção.

Eu fiz o levantamento do manuelino algarvio (praticamente tudo o que é decoração) sem se conhecer um único autor e, ainda hoje penso que so se poderá entender se se conseguir fazer ligação com outras tradições populares.

Há por lá coisas que são absolutos enigmas.

As figurinhas das arquivoltas, com ar popular, músicos, bailadeiras, por aí fora, os aniamsis que se parecem com tapeçarias orientais. Nem sei. Aquilo é um mundo

zazie disse...

È um mundo diferente. Porque se pode encontrar mais facilmente paralelos com o resto da europa no Norte que no Sul.

Mas estão lá também. Está por lá tudo- desde o classicismo italianizante, ao manuelino de corte, misturado com românico fora de época e depois as pequenas marcas que escapam a tudo isso.

zazie disse...

Mas encontra-se também muito disso nas ilhas. Na Madeira e nos Açores.

Zephyrus disse...

Vou em breve criar um blogue sobre arquitectura popular algarvia. Ocasionalmente vou lá e queria tirar fotos para divulgar aquilo.

Se os portugueses tivessem olho para o negócio poderiam exportar as portas de reixa de Tavira, aquilo não há em mais nenhum local do mundo. Nem sei se ainda há artesãos que as façam.

Deve ter visto o portal manuelino da Luz de Tavira. Essa vila tem excelentes platibandas e moradias rurais do século XIX.

O Algarve era mesmo um tesouro que foi destruído nos últimos 30 anos. Não foi só a arquitectura popular.

Quase ninguém no Estado quer saber de arqueologia e muito do que descoberto deve-se apenas ao trabalho de um homem do século XIX, Estácio da Veiga.

Ninguém no poder quis saber da cidade de Balsa, que teve o dobro do tamanho de Olisipo. Boa parte dos restos da cidade foram propositadamente destruídos nos anos 80 e 90, pelo proprietário de uma quinta.

Em 2000 demoliram uma barragem romana na aldeia de Santa Rita. O proprietário demoliu porque lhe apeteceu. E era um muro enorme.

Na Manta Rota nunca escavaram a enorme villa. Parte dos vestígios foram destruídos por máquinas para fazer um estacionamento. Tenho em casa uma colecção de terra sigilata e de restos de ânforas desse local. Aquilo é uma quinta enorme cheia de cacos da antiga olaria romana, e materiais de construcção antigos. O local foi identificado e estudado por Leite de Vasconcelos e Estácio da Veiga. Merecia escavações mas nunca foram feitas.

No topo do Cerro de São Miguel situava-se o templo a Zephyrus que antes fora a Baal, aquilo era o farol do Golfo de Cádis, pois o monte é visível até Huelva. Tudo destruído para instalarem umas antenas.

Os monumentos funerários megalíticos de Cacela, classificados como monumentos nacionais, foram destruídos na Primeira República pelos proprietários dos terrenos. Deliberadamente, sublinhe-se.

Aquela zona costeira do sotavento algarvio deve ter sido riquíssima no período romano. A densidade de obras na costa era enorme. Havia unidades fabris, tanques de salga, villas e a cidade de Balsa, uma das maiores da Ibéria. Estrabão dizia que a riqueza vinha do comércio naval. Esta área rica prolongava-se até Onuba, ou seja, Huelva. Há semanas encontraram uma cidade romana submersa em Isla Cristina, perto da fronteira com Portugal.

zazie disse...

Vi pois. Esse é outro mistério.

Mas acho que andei perto de decifrar um pouco o do Alvor

zazie disse...

Quando tiver o blogue diga, que me interessa muito.

Deve ter sido riquíssimo e muito está por se saber, mesmo em período tardio.