27 fevereiro 2013

salvar a democracia de si mesma II

Notícia de 2007:

"Quase metade dos portugueses tem como principal fonte de rendimento o Orçamento de Estado, alimentado pelos impostos e contribuições de trabalhadores e empresas. Entre reformados do sector público e privado, funcionários do Governo central, regiões autónomas ou autarquias e beneficiários de subsídios e complementos, são perto de 4,7 milhões os portugueses que vivem (ou sobrevivem) à mercê do Estado."

Ou seja, metade de nós (mesmo quem não o está terá família que o está) portugueses influencia o regime-OE do lado da despesa.

10 comentários:

FMS disse...

Em 2012 deve ter aumentado para 70%.

muja disse...

E isso é notícia. Não é facto.

Porque para mim é bem mais, e isso aplica-se a practicamente todos, com poucas excepções. Porque até os grandes empresários e capitalistas, sacam do Estado quando e como podem.

E depois há os que fogem aos impostos, que é, na práctica, também despesa.

CN disse...

"E depois há os que fogem aos impostos, que é, na práctica, também despesa."

Que obsessão. Acha que os ricos pagam poucos impostos? Pagam a maior parte do IRS, ... como do IRC...como....

lusitânea disse...

A tal metade de nós vai crescendo todos os anos.Depois de convencionado pelos sociólogos que nacionalizar os pobres dos outros era uma riqueza só nos dois últimos anos foram mais 160000.Uma minudência claro.Fora os outros até ilegais a quem a mais luminosa constituição dá logo "direitos".55% a não pagar impostos(fora o iva)?E uns socialistas a carregar sempre nos mesmos de sempre, agora quase apontados como criminosos por terem descontado toda a vida e que estão sujeitos a chantagem e a roubo descarado?Onde anda o Estado de Direito?Fomos governados por vigaristas?Somos governados por vigarista e traidores.Antigamente era suposto fazerem "investimentos" reprodutivos com os dinheiros das pensões.Se hoje o fizeram sair pela sanita eles têm que o declarar.É que se fazem passar por serem grandes empreendedores e visionários embora desconfie que são puros charlatões vendedores da banha da cobra.Que desta vez se vão de certeza lixar...

muja disse...

Mas alguém falou em ricos, CN?

É preciso ser rico para fugir aos impostos, porventura?

E não é obsessão nenhuma. Até acho a coisa mais natural do mundo, se quer que lhe diga; e eu, em podendo, fugia também.

Evidentemente, considerando o destino traçado do dinheiro que se paga, apenas um tolo ingénuo deixaria de o fazer.

Eu quero ilustrar apenas que não é possível dividir as pessoas entre os que beneficiam e os que não beneficiam, porque beneficiam todos, de uma ou de outra maneira.

Já os que contribuem, é fácil determinar quem são. Pelo menos que contribuem pagando. E os que contribuem de outras formas também não seria difícil, em se querendo.




CN disse...

Beneficiam todos ou somos todos prejudicados.

Se beneficiássemos todos de alguma coisa não estávamos em crises permanentes e perto de colapsos.

Uns votam e são receptores (não estou a chamar "beneficiadores") e outros votam e pagam.

Os primeiros estão em crescente maioria.

O processo de decisão tende obviamente para o suicídio no meio da maior disfunção de protestos contraditórios e irracionalismo, etc.

Talvez o colapso seja mesmo o melhor.

muja disse...

Beneficiam todos e só pagam alguns. Assim é que é.

Ou nos seus termos: são todos receptores mas só alguns é que pagam.

Daí que o justo será os que pagam mandarem mais que os que não pagam.

Porque todos são receptores, quer V. queira, quer não.

Lá porque a principal fonte de rendimento não é o OE, não significa que o OE não seja também fonte de rendimento para essas pessoas. E, aliás, é muito difícil separar as coisas nesse aspecto.

V. pode ter uma empresa cujos principais clientes não sejam Estado, mas cujos principais clientes desses clientes sejam Estado. E há uma dependência transitiva:

emp. A <- $$$ - emp. B
emp. B <- $$$ - Estado

ou seja,

emp. A <- $$$ Estado

Adicione quantos níveis intermédios quiser, que vai dar no mesmo.
Só que quanto mais níveis há, mais difícil se torna distinguir. Logo, a sua ideia de conflito de interesses torna-se muito difícil, para não dizer impossível de determinar. Portanto, a sua utilidade é nula e provavelmente contra-producente. É-o sem dúvida do ponto de vista social, porque criará uma cisão (mais uma) entre os portugueses, com todos os ressentimentos e invejas que daí surgem. Cisão que na verdade é ilusória (porque na realidade impossível de determinar com precisão) e apenas fará com que os cidadãos caiam ainda mais nas garras da retórica demagógica dos partidos que necessitam disso como de pão para a boca, quando é o contrário que se deseja: uma base comum de entendimento social.

Ao passo que, se V. quiser determinar os contribuintes, isso é linear. Não oferece problema nenhum. E toda a gente compreende o conceito simples: "quem paga, manda", e a justeza que lhe é inerente. A alguns não lhes interessará compreender, decerto. Mas esses é que são prejudiciais e são esses que importa neutralizar.

Mude "pagar", para contribuir, e passa a cobrir o conjunto de pessoas que, devido às circunstâncias pessoais, ou à conjuntura económica, não estão em condições de contribuir com impostos, embora possam contribuir de outras formas não menos úteis se consideradas da perspectiva global.

Do ponto de vista da mentalidade e espírito públicos, teria também a vantagem de incentivar à utilidade, e de transmitir a ideia de que é necessário contribuir, se se quiser que a nossa opinião conte para alguma coisa e estimular a iniciativa pessoal.

CN disse...

Lá estão os puristas.

Primeiro não reconhecem o problema.

Depois recusam uma solução porque não vai demasiado longe no problema.

O que importa é que os receptores diretos deixem de influenciar o OE.

Quanto a empresas, uma regra de 50% de dependência directa será mais do que suficiente.

Com isto, o ciclo vicioso seria muito mais contido.

zazie disse...

Puristas não.

Se v. alguma vez na vida pensasse que isto não era apenas especulação de gente a pensar, e quisesse mesmo levar à prática, ia ver a reacção "purista" da sociedade.

zazie disse...

É que v. trata no mesmo tom, o que é ideal utópico do que parece mesmo reflexão concreta e pragmática, para aqui e agora.

Só que nunca é nada para aqui e agora e em parte alguma.