26 fevereiro 2013

rejeitar a austeridade III - a saída do €

A descida de salários nominais é por norma recusada por muitos, mas sair do € é isso que faria em termos reais, introduzindo adicionalmente muitos mais problemas: o que fazer a dívidas e obrigações em €, incluindo os depósitos e outros passivos dos bancos, principalmente os depósitos do povo em geral, porque os de alguns/muitos já estão protegidos de alguma forma lá por fora.

E uma moeda própria não assegura nada de relevante, em especial em estados pequenos, o banco central passaria a ter de gerir reservas externas, o que no limite, vai dar ao mesmo. Por isso muitos estados passam pelo mesmo que Portugal mesmo com moeda própria (tal como o sabemos muito bem no passado com o escudo). Acho que se esquecem disso. A única coisa que a classe política e de economistas ganha é poder recorrer livremente a mais inflação interna. Nada bom.

Mais depressa iria para a via do Panamá. Não tem moeda própria e a banca funciona com n moedas embora o Usd seja dominante. Eu acrescentaria os metais (e até quaisquer outras moedas que alguém se lembre de emitir). Os actuais depositantes em € continuariam com os seus valores em €, se assim o quisessem, e as actuais obrigações continuariam. Os actuais bancos continuariam a fazer parte do sistema do € (falta saber o que o BCE diria, se bem que nada obstaria a que continuassem assim cumpram as suas prerrogativas), o que seriam de resto obrigados dado o montante de financiamento recebido. Mas bancos sem esse problema não seriam a isso obrigados. Ganharíamos flexibilidade e diversificação.

Quem sabe, um cluster nacional de negócio (quer industrial quer de serviços) associado ao uso crescente de ouro e prata monetária nascesse. O primeiro país a adoptar tal coisa será o que mais beneficiará. E eu suspeito que serão países do Médio Oriente ou Ásia se outros não se adiantarem. Mais valia sermos nós.

Nada disto permite escapar à necessidade do OE ter de ser equilibrado e que para o crescimento retomar as empresas têm de restabelecer lucros normais.

Mas estamos no ponto da paralisia de decisões e assim berra-se com os credores que financiam essa paralisia.

4 comentários:

Ricciardi disse...

«o que fazer a dívidas e obrigações em €, incluindo os depósitos e outros passivos dos bancos, principalmente os depósitos do povo em geral, porque os de alguns/muitos já estão protegidos de alguma forma lá por fora.»CN
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CN, existem depositos em euros em contas bancárias, de empresas e particulares, na ordem dos 200 mil milhoes de euros.
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Se o governo substituir esses euros por escudos, o mesmo é dizer que encaixa divisas em euros no valor de 200 mil milhoes de euros. Ou seja, se o governo o fizesse poderia pagar de imediato TODA a divida publica com os euros abduzidos ao pessoal.
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Mas ainda sobravam as dividas dos privados ao exterior. Basicamente são dividas dos nossos bancos ao exterior que por sua vez tem creditos sobre o povo.
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Embora o processo de saida tivesse que ser necessáriamente com o acordo do BCE atraves do departamento que gere as outras dividas da europa, cujo nome me escapa. No fundo é esse departamente que garante liquidez das outras moedas.
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Ou seja, as dividas dos privados teriam, em principio, que continuar denominadas na moeda de origem. Mas se o povo recebe em escudos, que desvalorizou, como pode então pagar emprestimos denominados em euros?
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A solução, alguém o disse, tem a ver com a criação de uma banco especifico para o efeito que absorvesse as imparidades cambiais. Como?
- constituindo como capital próprio as reservas de ouro do pais no valor de 13 mil milhoes de euros. Este banco compraria os titulos de divida pelo contravalor em escudos, libertando o povo e a banca do risco cambial. E teria que vender esses papeis em forma de opções cambiais com o acordo do BCE nos mercados. Isto significa que os governos não podiam fazer desvalorizações cambiais a seu bel prazer, porque se o fizessem teriam de incorrer em mais despesa para liquidar a diferença cambial provocada.
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Se a saida não for feita com o acordo da UE, torna-se dificil de fazer a mesma.
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Rb

Vivendi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vivendi disse...

O CN e o Ricciardi falam para quem?

Para o povo? Para as elites?

As ideia são estimulantes mas não existe uma sociedade, nem nas bases nem nos de cima, preparados para empreender ou para inovar.

Alguém acredita que vamos ter capacidade de pagar toda a dívida?

Anónimo disse...

Em Argentina aprenderam na sua cabeça; em cabeça propia e nao em cabeça alhea. Com o "seu corralito". Houve que improvisar e inovar...