20 dezembro 2012

o Bem Comum II

Como é que podemos definir o sucesso de uma espécie animal? Haverá muitos critérios objectivos, mas o mais simples é pelo número de indivíduos vivos.
Ora nesse aspecto o Homo Sapiens está bem, somo 7.000 milhões à face da Terra. Isto significa que a maior parte dos seres humanos foram Bons e que o Bem, até agora, venceu o Mal.
Ao objectivarmos a definição de Bem Comum introduzimos a possibilidade de falsificarmos a própria definição. Eu pergunto, haverá algum Bem que resulte da eliminação de milhões de seres humanos? Não, pela minha definição, esse seria sempre um Mal.
A guerra, por exemplo é sempre um Mal, apesar de podermos argumentar que, eventualmente, pode ser um Mal necessário.

13 comentários:

Anónimo disse...

Vamos admitir que um pais tem como objectivo arrasar com o resto do mundo.

Uma guerra com esse pais e um mal? um bem? um mal necessario? Qual a diferenca entre um bem e um mal necessario?

Elaites

Anónimo disse...

Caro Elaites, muito vezes só o vamos descobrir à posteriori. That is the problem.
Mas podemos ter a certeza de que a guerra deve ser sempre um ultimo recurso.

marina disse...

ai ,ai , médico é não consegue perspectivar o assunto do bem e mal a partir da dor : se a dor é um mal , uma hipoestesia será um bem ?

muja disse...

Mas que país pode ter como objectivo arrasar o resto do mundo Elaites?

Não acho isso minimamente concebível...

Assim sendo, uma guerra travada nesses termos é evidentemente um mal, porque não é uma guerra justa(na medida em que uma guerra pode ser justa), porque a premissa é falaciosa. Non?

muja disse...

Já agora, e em relação ao conceito de "justeza" da guerra, aconselho o livro "Em Nome da Pátria - Portugal e a guerra justa" do T.Cor. Brandão Ferreira.
Ja tinha sugerido ao Rb que o lesse no Dragoscópio (que acabou, com grande pena minha) e até disse que lho oferecia (e mantenho).
Antes de aplicar o conceito à guerra do ultramar, Brandão Ferreira faz uma síntese das várias perspectivas sob as quais se pode encarar o problema da guerra e da justiça das causas. Vale bastante a pena.

joserui disse...

Como é que conclui que pelo facto de o sapiens contar 7.000 milhões a maior parte dos seres humanos foram bons e o bem venceu o mal?... não percebo... mede tudo ao metro e ao quilo, só se for... uma vez alguém dizia que nunca houve tanta felicidade, bem estar e blá, blá... tal como o inverso... o número de pessoas não tem mudado a natureza do sapiens... há muita infelicidade, muito mal estar, muito mal... nunca houve tantos escravos na história da humanidade como hoje e essa estatística vem desse número do bem... acredito que por milhão de habitantes nunca houve tão poucos... mas como se pode medir o bem e o mal pelas estatísticas?... 1984 seria um mal quer dizer que O Admirável Mundo Novo seria um bem? Não me está a parecer... -- JRF

Anónimo disse...

Ja vi que o caro Muja nao e dado a abstraccoes. Vamos tentar entao algo mais "concebivel".

Vamos imaginar um pais que quer exterminar por impeto pessoal de um ditador alucinado uma raca inteira, for agument sake vamos admitir que essa raca sao os Judeus. Repito a pergunta.

Elaites

joserui disse...

Além disso, como explica que um país em vésperas de voltar a ser imperial como a China imponha limites à natalidade?... naturalmente já não podiam com tanto bem... ah, e são socialistas... o mal... isto é... agora estou confuso Joaquim... dê lá uma ajuda... mesmo assim consomem a maior parte da madeira ilegal do mundo, 53% de todo o cimento... etc etc... os chineses fazem parte desses 7.000 milhões e de que maneira... de que forma isso tem contribuido para o nosso bem comum?... nem para o deles Joaquim, nem procriar podem livremente... -- JRF

joserui disse...

Posso responder já que aqui estou?... depende... da época por exemplo, do conhecimento que se tem, da atitude desse povo e da percepção da sua ameaça ou potencial ameaça... o que é mais que óbvio é que isto de dizer que 7.000 milhões é um bem ou mesmo *o* bem não tem o mínimo de bases que o sustente... quando se trata da humanidade, o bem de uns é inevitavelmente o mal dos outros... é a natureza humana... o catolicismo anda há milénios a tentar contrariar a natureza... -- JRF

José Lopes da Silva disse...

Não sei se resolver o problema dos médicos colocando-os na rua é a solução católica. Parece-me a solução protestante luterana socialista - assumir que eles não têm hipótese de salvação ou de mudança, porque já nasceram assim, e "eliminá-los". Uma solução católica passaria por lhes passar um raspanete e colocá-los "nos eixos", a trabalhar.

Anónimo disse...

"Anónimo marina disse...

ai ,ai , médico é não consegue perspectivar o assunto do bem e mal a partir da dor : se a dor é um mal , uma hipoestesia será um bem ?"

Por outro lado, a dor pode ser um bem. A função orgânica da dor é ser um sinal de alerta para o organismo:)

Ricciardi disse...

Fazer o Bem é apenas fazer aquilo que produz felicidade a nós e em respeito de quem nos rodeia. Fazer o Mal é fazer o contrario.
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O mesmo quer dizer que fazer o Bem é sermos virtuosos com os outros e connosco. É portanto uma questão de intenção. Se a nossa intenção for boa o acto é de Bem. Mesmo que se revele má à posteriori. Ou vice-versa.
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Por isso é que nunca percebi a máxima religiosa que afirma que Deus é infinitamente bom porque nos deu a vida. Ora, o meu pai não bom por me ter dado vida; é bom quando me faz bem e olha por mim. Dar a vida a quem não a pediu não é um acto de bondade. É opção de quem a dá. E não agradeço ao meu pai por ter dado a vida; agradeço a educação, o carinho, os tabefes e a atenção que me dispensou.
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Ora, é exactamente aqui que entra a fé. As religiões garantem que existe um Pai celeste que é infinitamente bondoso, mas que, pronto, só deixa que nos aconteça más coisas porque Ele próprio decidiu que teriamos livre-arbitrio. Um livre-arbitrio estranho, já que Ele sabe aquilo que vamos escolher. Bolas.
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O mesmo é dizer que Ele é bom, mas tem dias. É Bom para as crianças europeias e gringas e japonesas, mas deixa de o ser para as crianças africanas, sul africanas etc que morrem antes de chegar a pensar. But hei, não desmotivem, afiançam, essas crianças para as quais ele não terá sido bom, serão recompensadas com um bem. Aonde? no céu. Pois é.
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Rb

muja disse...

Ó caro Elaites... essa também não é concebível para mim, por variados motivos que não interessa agora discutir.

Mas deixe-me contra-propor: E se for um país, interessadíssimo em certos e determinados territórios; territórios esses que eram parte integrante de um outro país juntamente com as gentes que os populavam; contra as quais o tal primeiro país decide encetar uma guerra subversiva de guerrilha e terrorismo, forçando o segundo país a defender-se e a empenhar-se num conflito desgastante e custoso em vidas e recursos?

É uma guerra justa, ou não é?