13 setembro 2012

são uma espécie de PPP

As farmácias vivem de rendas* que resultam de um monopólio. Como o mercado não é livre, o alvará de uma farmácia custa centenas de milhares de Euros, valor que o proprietário recupera dos montantes pagos pelo Estado e pelos utentes.
Se não existissem restrições à abertura de farmácias, surgiriam economias de escala que permitiriam baixar significativamente o preço dos medicamentos. O problema é que os alvarás passariam a valer ZERO.
Ora como os alvarás foram adquiridos a crédito, julgo que na grande maioria dos casos, os proprietários e a banca sofreriam uma perda total desse investimento. Um montante que poderia atingir mais de 1,5 MM€.
Deixar tudo como está, porém, não é possível.
Os portugueses não têm dinheiro para continuar a alimentar esta espécie de parceria público-privada.

* Sem rendas, os alvarás não teriam qualquer valor.

41 comentários:

Fernanda Viegas disse...

O Dr Joaquim sabe porquê que existem alvarás. Com o mercado livre existiriam tantas farmácias como cafés, ou seja, porta sim porta não. Abriam às grosas e fechavam às grosas. Isso é bom? Serve a quem?
Quanto à questão da renda, a sua argumentação não me parece séria. Qualquer investimento espera retorno, ou não se faz, sobretudo no privado, que visa em primeiro lugar o lucro. O que o Estado paga à farmácia, via doente, é a parte correspondente à assistência medicamentosa deste último, para a qual ele descontou, via(Seg. Social, ADSE, etc.)Vamos sempre tocar na mesma tecla: o que o dr Joaquim pretende mais uma vez atingir é o SNS.

Anónimo disse...

Olá Fernanda,
A menina insiste em dar razão ao PA. A gente apresenta uma ideia e a menina ataca a pessoas e "as intenções".
Boa! Uma católica de gema.

Anónimo disse...

Mas ó Joachim, quer-me parecer que v.exa. já pode abrir uma farmácia livremente. Penso que coisa mudou. Apenas se exige, e bem, que exista um famaceutico a tempo inteiro.
.
Há uns anos a coisa era monopolizada por privados que assediavam farmaceuticos novos a abrir negócio em nome deles mas com contratos paralelos. Às vezes até se faziam declarações de divida. Na verdade o grosso das famrcias pertenciam a empresários que nao eram farmaceuticos como a lei exigia. Conhecço alguns até que tem indirectamente a posse de 30 farmácias.
.
Mas já não é assim, pelo que me disseram.
.
As margens BRUTAS de comercialização eram de 20% em média ao que era deduzido todos os outros custos de exploração. Não é muito, creio, no entanto os empresários não tem risco de stocks porque as farmaceuticas ficam com os monos.
.
Rb

Anónimo disse...

O problema dos farmaceiticos acho que terá começado (eu posso estar desactualizado, enfim) quando se criaram as farmacias hospitalares. Parece que foi isso que retirou muito movimento às outras farmácias.
.
Rb

Luís Lavoura disse...

Se não existissem restrições à abertura de farmácias

Se não existissem restrições à abertura, provavelmente também não existiriam restrições ao encerramento.

Ora, o que se pretende é, precisamente, evitar que as farmácias encerrem, sobretudo em aldeias. É por isso que o Estado procura garantir uma margem de lucro razoável às farmácias - para evitar que elas encerrem, deixando pessoas sem acesso a medicamentos.

Para o Joaquim, que vive no Porto, este é um problema que passa ao lado. Mas, nas regiões mais pobres e com menor população do país, é um problema muito relevante. Se as farmácias têm pouco lucro e encerram, as pessoas ficam sem acesso a medicamentos.

Vivendi disse...

Sei de um caso muito peculiar de uma farmácia que foi comprada acima de 5 milhões...

As farmácias são como outro negócio qualquer. Tendo um diretor técnico ao serviço não deveria haver qualquer restrição...

Anónimo disse...

Caro Luís Lavoura,

Não temos cacau para manter essas rendas. O mesmo raciocínio se aplica às SCUTS.

Anónimo disse...

Caro Vivendi,

Com certeza.

Fernanda Viegas disse...

É verdade Dr Joaquim, peço desculpa, mas é inevitável associar a ideia à pessoa que a transmite. Mas eu não lhe quero mal por isso. Eu própria gostaria de viver num mundo anarco liberal, no mais amplo sentido das palavras.

Anónimo disse...

Cara Fernanda,
Eu tb não lhe quero mal por isso. Como mulher, a Fernanda tem direito a pensar uma coisa num dia e outra exactamente oposta noutro, sem ter de dar explicações a ninguém.
Eu atºé acho piada a essa "feminilidade". Gosto

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Caro Luis Lavoura,

Talvez os medicamentos, nessa aldeia dos Montes Hermínios, possam ser distribuidos ao domicílçio por um estudante de farmácia que recebe uma pequena comissão para os estudos. Que acha?
Ou serem entrgues pelo correio. Ou no centro de saúde. Valha-nos Deus.

zazie disse...

Se não forem as nossas farmácias, de empresários portugueses, são multinacionais estrangeiras sem o tratamento excelente e para-médico dos nossos farmacêuticos.

A escolha é exclusivamente esta.

Anónimo disse...

Para que os medicamentos cheguem a todos os pobrezinhos de tras-os-montes basta associar a sua distribuiçao à da mercearia, Pingo Doce pode ser, que asseguram que em todas as aldeiazinhas nunca há falta de acessibilidade à comida.

Fernanda Viegas disse...

Claramente Zazie.

Anónimo disse...

As farmacias tem de aprender a diversificar espacos e negocios. Na America do Norte, as farmacias alugam espaco dentro do proprio supermercado. E tambem ha farmacias a funcionar, por exemplo, como postos de correio.
As farmacias tugas vao ter de aprender a fazer pela vida. Nao estavam habituados, coitadinhos...

Cfe disse...

Estando em causa o argumento de custo o Dr. Joaquim tem razão na critica a proteção das rendas da farmácias. E não existe argumento mais forte do que este.

Quem quiser tratamento diferenciado que pague e quem quiser ter uma vida calma no interior que utilize o serviço de entregas pois para alguma coisa as ótimas estradas servem.


Anónimo disse...

Zazie, como em qualquer outro negocio, tratamento excelente paga-se de forma excelente. E o Estado nao tem dinheiro. E eu tambem nao.

sampy

BLUESMILE disse...

Então devemos deixar de lado o tratamento excelente.

zazie disse...

sampy:

Aquilo a que chamei "tratamento excelente" traduz-se por um atendimento personalizado, como hoje se chama.

Mas é mais que isso. Os nossos farmacêuticos têm uma excelente tradição de boticários com conhecimentos que superam muitos enfermeiros e até médicos (diga-se).

Ora trocar isto por multinacional em supermercado, é mandar divisas para fora e perder qualidade.

Portanto, acho que nem merece a pena debate.

Porque em Inglaterra também existe o problema dos custos do SNS e não é por aí que ele diminuiu.

Já fui atendida por médico do Estado (que ganham bem), sem sequer haver taxas para ninguém mas depois lá tive de ir à farmácia do Sainsbury.

E é claro que ente um e outro o que me safou foi mais a sorte que o tratamento.

Estas coisas não têm de ser todas "liberais ou socialistas". Numas são mais assim, noutras o inverso.

E eu penso que nunca se deve deitar fora o que já deu provas de funcionar e ser bom, pelo desconhecido só por vir na cartilha

(sou uma inveterada conservadora do que é bom e se deve conservar).

Um exemplo de serviço de saúde excelente é o francês.

Chamem-lhe o que quiserem mas é bom. Já o de ensino, não é bom por ter mais estado. Aí o modelo inglês funciona melhor.

zazie disse...

Os experimentalismos é que são sempre uma desgraça.

e são desgraça porque temos um país pequeno onde é mentira poder haver concorrência de mercado.

Portanto, se há serviço tuga excelente, os custos podem ser "aparados" sem ser preciso meter mais estrangeiros cá a fazer pior porque esse dinheiro nem entra.

BLUESMILE disse...

Segurem bem os teclados, porque, como habitualmente, vou escrever o que penso.

Concordo integralmente com os dois últimos posts.
E com a opinião de Fernanda.

Anónimo disse...

Zazie, estamos na mao dos estrangeiros. E tu nao queres que eles venham ca aproveitar-se?
Experimentalismos era quando o Socrates dava computadores ou enchia os montes de ventoinhas. Agora, trata-se de cortar, cortar o mais que se puder, em todo o lado que se puder.
Essa e que e a tragedia: nao o que se sofre agora, mas tudo o que vai ser perdido para o futuro. Toda essa excelencia que esta a ser hipotecada e que se vai tornar uma miragem nos proximos anos. E a esta desgraca que os xuxas e comunas nos condenaram.

sampy

zazie disse...

Bem, estamos atyé certo ponto. O governo ainda palra tuga e os tugas palram mal estrangeiro.

A questão que tem de se colocar é outra.

A dívida do Estado não foi contraída pelas pessoas honestas que nem têm dívidas.

O Estado existe para servir a sociedade e não o inverso. Portanto, não faz sentido chegar-se ao ponto de querer que as pessoas honestas fiquem endividadas para pagarem uma dívida pela qual ninguém dá a cara.

zazie disse...

Isto de andar a trabalhar para a dívida tem muito que se diga.

Que comecem a trabalhar para ela os que continuam a viver dela.

Nas calmas. Impunemente. E nem merece a pena fazer a lista de tudo o que continua intocável.

Sendo assim, não contem comigo para fazer aquela figurinha triste à hiena dos matos a andar a tirar a côdea dos pobrezinhos para poupar para o Estado.

zazie disse...

O Estado está falido. Ok. Mas acaso o Estado é coisa de robot sem gente dentro?

Acaso estão falidas as pessoas que o levaram à falência?

Não. Portanto, aceito cortes no sentido de diminuir o monstro- que é burocrático e disfuncional, muito antes de ser funcional naquilo que é preciso.

Mas não aceito fazer figura de tolinha a dizer que é preciso mais miséria e que se comprova que a miséria gera riqueza em shortando a dívida.

Anónimo disse...

Bem, eu devo estar desactualizado. Só pode. Entao a lei nao mudou?
.
Entao nao é verdade que qualquer um pode ter uma farmacia, desde que cumpra os requisitos tecnicos?
.
Rb

Anónimo disse...

Rb, as leis mudaram, mas a mafia e a mesma. Ha que beijar a mao ao Padrinho, ou nem chegaras a ter uma caixa de Aspirina nas prateleiras...

Cfe disse...

A Zazie está coberta de razão quando fala sobre a excelente qualidade dos farmacêuticos portugueses. Eu até acho que muita da boa saúde dos portugueses deriva daí. E já refleti sobre o problema das farmácias nessa perspectiva.

Só um probleminha: farmacêutico não pode receitar e é uma questão de tempo até que haja um rigoroso controle das receitas com retenção das mesmas como acontece em vários países. Sendo assim, portanto, a questão dos custos impõe-se.

BLUESMILE disse...

"Agora, trata-se de cortar, cortar o mais que se puder, em todo o lado que se puder"
Isto é uma opção ideológica, uma demagagia bacoca, não uma inevitabilidade.E os cortes têm que ser cirúrgicos no sentido do termo. Ou seja, apenas se absolutamenet necessários, sem causar danos supérfluos e precisos. Cortes á bruta e às cegas , em todo o lado, é a destruição de um país.

BLUESMILE disse...

Nenhum há nenhum Estado que não tenha dívida. A dívida é uma questão paralela. O cerne do problema nãoe stá na dívida pública.

Anónimo disse...

Bluesmile, ja se sabe que o problema nao a divida, mas o facto de ela estar descontrolada e nao ser sustentada. Nessas condicoes, nao ha credito (ou ha, mas a taxas insuportaveis). E sem credito, da-se o estouro de vez.
Assim, os unicos que nos dao credito sao os que ditam as regras. E a regra e: cortar.

E atencao: essa dos cortes as cegas e apenas conversa fiada de politiqueiro. Os cortes estao a ser feitos com os olhos bem abertos. Esta-se a cortar a todos aqueles que nao tem poder para o impedir. Ou porque nunca tiveram; ou ate tinham, mas descuidaram-se e puseram-se a jeito, como os farmaceuticos.
Ao coitado do tuga, resta fugir: ou para o estrangeiro, ou atraves da economia paralela.

Anónimo disse...

Zazie, nao e preciso mais miseria. Nos ja estamos na miseria. O pessoal e que teima em nao encarar a realidade, preferindo continuar a mamar marisco em Loule.

A miseria gera riqueza? Claro que nao. O que gera riqueza e o juizinho na cabeca. Enquanto esse continuar a faltar, a miseria sera nossa companheira.

Quanto a uns pagarem pelos outros, a minha sugestao e que leias as historias antigas. Por exemplo, o que aconteceu a Troia a conta de um menino dado a pinocada...

sampy

Anónimo disse...

Portanto, concluo que o mercado das farmácias está perfeitamente liberalizado, uma vez que qualquer pessoa pode investir nesse negócio.
.
O problema, portanto, parece estar nas margens que teem. Não me parece serem margens grandes. As farmacias tinham 20% de margem bruta e até já ouvi falar que reduziram.
.
Portanto, aonde está o problema, afinal?
.
Rb

Anónimo disse...

O problema sempre esteve na prescrição.
.
Os médicos SEMPRE prescreveram os medicamentos que lhes davam melhores garantias... e férias.
.
E as farmaceuticas gozaram dessa perrogativa sobre os médicos para fazer o preço que mto bem quiserem e entenderam.
.
As farmacias devem poder liberalizar a troca de medicamentos por principio activo. Sem o médico ter de concordar ou deixar de concordar. E se os genéricos não tem a qualidade que os médicos dizem, entao devem ser retirados do mercado.
.
Rb

zazie disse...

sampy:

Desculpa lá mas, com miséria ou sem miséria, explica-me lá como é que se paga a dívida passando os medicamentos para um monopólio internacional.

Ou seja- dentro de todos os gastos relativos ao Ministério da Saúde, onde é que entra essa necessidade e o ganho.


É só isto. Porque o resto (em particular as receitas e as empresas farmacêuticas) já disse o Ricciardi.

zazie disse...

E isto é válido para riqueza, para pobreza, para tudo.

Em que é que um país lucra ao espatifar os seus empresários para entregar a monopólios estrangeiros.

Claro que já sei que vs. dizem que lucram as pessoas que passam a comprar mais barato.

E eu digo- isso é conversa de talho.

zazie disse...

Mas, por estranho que pareça ou nem tanto assim, esta é uma treta em que há coincidência com o BE.

O Daniel Oliveira também defende o mesmo.

Porque há um estranho complexo contra o "capitalismo nacional" mas deixa de haver se ele vier de fora e levar o dinheiro também.

zazie disse...

É a tal coincidência internacionalista- vermelhos por fora, neotontos por dentro.

zazie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
BLUESMILE disse...

http://www.rcmpharma.com/actualidade/medicamentos/14-09-12/doentes-queixam-se-de-falta-de-medicamento-para-doenca-de-parkinso