10 setembro 2012

mudar de vida

Para cortar na despesa pública são necessários cortes na saúde, na educação e na segurança social. Estes cortes irão ocorrer, mais tarde ou mais cedo, porque não temos dinheiro para manter o “status quo”.
Felizmente, porém, é possível efectuar cortes nestes sectores sem prejudicar a qualidade e a quantidade dos serviços a que o Estado está constitucionalmente obrigado. Como assim?
Vou-me limitar à saúde, por ser a área que melhor conheço, embora raciocínios similares se possam aplicar a outros sectores. Ver a este propósito este texto do Rui Albuquerque.
O Estado está obrigado a garantir ‹‹o direito à protecção da saúde›› — Artigo 64º da Constituição da República Portuguesa, ‹‹através de um Serviço Nacional de Saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito››. Muito bem, sendo esta a realidade, a verdade é que o Estado não está obrigado a manter em funcionamento uma organização de tipo soviético que torra todo o dinheiro que se lá mete e que fica muito mais cara do que o que seria necessário.
Se o Ministério da Saúde se limitasse ao papel de definir estratégias e se descentralizasse e flexibilizasse as suas estruturas, poderia poupar 20 a 30% do que gasta actualmente. Como? Sim, este é o nível de poupança esperado quando se passa de uma estrutura pública, submetida a planeamento central, para uma estrutura descentralizada com autonomia e responsabilização das suas diferentes unidades.
Ora nada foi feito, por este governo, nesse sentido. Toda a poupança obtida até agora, na saúde, resultou apenas de cortes nos salários e da imposição de reduções nas margens de lucro dos diferentes agentes. Nicles para o mercado e para a concorrência.
As farmácias, só para dar um exemplo, viram as margens de lucro reduzidas, mas o Estado manteve o seu monopólio. Assim não vamos lá.
Todos estaríamos mais dispostos a aceitar as medidas de austeridade do governo se constatássemos que íamos mudar de vida. O problema é que nada indica que o governo vislumbre sequer alternativas ao paradigma soviético que nos levou à ruína.
Basta!

17 comentários:

Anónimo disse...

Pode cncretizar melhor a ideia dos 30% se o estado descentralizar?
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Rb

Anónimo disse...

Caro Rb,
Há uma regra geral na economia. Tudo o que é feito pelo estado pode ser feito pelos privado por 20 a 30% menos.
Pk? Descentralização, autonomia e responsabilização.

Textículos disse...

Sobre o mudar de vida "Interview: Meet Dan Spitz, Anthrax Guitarist Turned Master Watchmaker"
http://www.hodinkee.com/interview-meet-dan-spitz-anthrax-guitarist-turned-master-watchmaker

Anónimo disse...

Ah bom, joachim, ainda pensei que queria racionalizar. Mas diga-me, a ver se percebo, conhece algum exemplo de saude privada, ou de parcerias publico-privadas, em qualquer pais do mundo cuja despesa per capita seja inferior do que em Portugal?
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Rb

Anónimo disse...

Caro Rb,
Em termos de PIB/ capita, muitos. Espanha 8,4% do PIB - Portugal 10,5%.

Anónimo disse...

Mas espanha NAO é o modelo que defende, pois nao?
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Rb

Anónimo disse...

Eu, enfim, concordo consigo que os privados podem fazer melhor do que o publico.... excepto nas areas cuja procura nao é elástica (ou nao pode ser). E a saude é uma dessas areas. comode resto podemos confirmar nos eua que gastam mais que qualquer outro pais.
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Rb

joserui disse...

Joaquim! Esta conversa sabe o que é?... conivência com um Estado imoral que tanto critica... muito antes, muitíssimo antes, de se cortar na saúde, educação tem de se cortar na imoralidade... incluindo na sua imoralidade de queres tirar mais aos que menos têm... até as côdeas lhes querem tirar, blasfemos, insurgentes e joaquins...
Não Joaquim. Eu aceito essa conversa quanto à segurança social se me disser que é para acabar com rendimentos mínimos; mas também com rendimentos máximos vitalícios com tempo de serviço que é uma afronta a quem tem de trabalhar todos os dias por 500€/mês...
Aceito, quando acabarem PPPs ruinosas para os cidadãos, carros de luxo, ajudas de custo, telemóveis, hotéis de cinco estrelas, roubos da Galp e da EDP, benesses, carreiras da estirpe desses ruis pedros soares, fundações como a desse outro soares, etc, etc, etc... aí sim, aceito que se pense em também tirar a côdea... até lá, boa noite e devia de existir algum decoro!... -- JRF

joserui disse...

E já que aqui estou, gostaria que explicasse à populaça, onde é que funciona esse mercado altamente concorrencial, eficaz, etc... na área da saúde...
A saúde, é das áreas que se o estado não tiver um papel preponderante, bem se morre na valeta ou até na sala de operações, com material de segunda qualidade e terceira categoria, enfim, o material que se teve dinheiro para pagar numa clínica de vão de escada... ter fé nos privados nesta área, que prestam serviços por razões muito distantes do altruísmo, desafia até a fé em Deus!... é uma fé infinitamente maior!... é uma crença como nunca se viu!... -- JRF

Anónimo disse...

Muito bem dito JRF.
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Rb

Fernanda Viegas disse...

Apoiado José Rui. Merece um grande grande beijinho. Idem ao Ricciardi.

André Miguel disse...

Muito bem José Rui. Assino por baixo.

zazie disse...

Pois é. Parabens aos dois morgadinhos: o da cubata e o do Colégio Alemão

Anónimo disse...

Não é impossível fazer uma concorrência leal entre o público e o privado. A Holanda, a Noruega e a Dinamarca conseguem. Só que as regras têm de ser estritas e os privados só podem ganhar até um tecto limitado.
A partir daí é imposto a 100%.
Não estou a falar do paraíso dos capitalistas sem risco.
É preciso perceber que há profissionais que gostam mais de trabalhar em regimes flexíveis (meio tempo, por ex.)e onde há mais espaço para a criatividade e a aplicação de técnicas de ponta.
Eu sei que não é esta privada que interessa ao grandes grupos. Mas se de facto não tivermos governos capazes de se imporem aos lucros desmedidos e à corrupção administrativa das empresas públicas então o melhor é ir para longe. É o que os melhores acabarão por fazer, naturalmente.

Anónimo disse...

Ó José Rui não me diga que os serviços de saúde ao serem prestados pelo estado estao associados a qualquer tipo de altruismo ahahahahaha é preciso ter fé ahahahaha.
Passem bem!

joserui disse...

Muito agradecido... beijinho Maria!...
Morgadinho do Colégio Alemão? Hehehe... -- JRF

Fernando Ferreira disse...

A saude e' um servico muito caro EXACTAMENTE porque o estado esta metido na saude... O mesmo com a educacao.