Necessitamos de crescimento económico, como de pão para a boca, mas não o teremos sem mudanças estruturais profundas.
O Estado tem de encolher, tem de gastar menos e tem de ser menos intrusivo. O esforço fiscal tem de diminuir. O mercado laboral tem de ser muito mais liberalizado. Por fim, o esforço individual e o sucesso têm de ser recompensados.
Podem apelidar esta agenda de liberal, neoliberal, ultraliberal ou até “fássista”, a verdade, porém, é que são necessárias unhas para tocar guitarra e os princípios que enunciei são as unhas que tangem o crescimento económico que alvejamos.
Como implementar este tipo de mudanças estruturais é que constitui um desafio político de monta. Porquê? Porque a maior parte da população ainda é uma beneficiária líquida do Estado Social omnipresente e omnipotente que temos e, portanto, não apoia mudanças que se traduzam em perda de rendas. Não adianta explicar que essas rendas foram e são mantidas a crédito e que Portugal já ultrapassou a sua capacidade de endividamento. Ninguém aceita perder. Para a populaça: ‹‹os ricos que paguem a crise››, apesar de não haver ricos com recursos para pagar seja o que for.
A saída encontrada parece ser a do empobrecimento lento, a da perda progressiva de regalias, até batermos no fundo. Até termos voltado a viver com os meios que temos. Quando já ninguém tiver nada a perder, então virão as verdadeiras reformas. Nessa altura, a oposição à mudança estará exangue, derrotada e sem força moral. Eu penso que esta via tem “incertezas e perigos” assinaláveis. Desde logo porque pode levar a uma implosão social de desfecho imprevisível e incontrolável.
No próximo post vou tentar expor uma saída alternativa. Uma saída que represente um compromisso entre as expectativas políticas da maior parte da população e a necessidade de crescimento económico que permita, em certa medida, fazer face, pelo menos, a algumas dessas expectativas.
9 comentários:
Crescimento para que e para quem?
Que saída caro Joaquim?
Com uma Constituição que é um colete de forças, com um povo que não premeia o mérito, um país que transpira socialismo por todos os poros, com uma classe política sem coragem e presa por interesses instalados por décadas a fio de promiscuidade entre a política e a economia?
Eu quero acreditar que ainda vamos a dar a volta a isto. Mas quando e como?
Pois tem toda a razão Dr Joaquim e é muito de louvar o seu esforço. Já dizia Tocqueville em 27 de Janeiro de 1848:"(...)Tal é, senhores, minha convicção profunda; creio que dormimos no momento em que estamos sobre um vulcão". O "vulcão" explodiu menos de um mês depois deste discurso parlamentar.
"A civilização ocidental deveu todo o seu desenvolvimento ao vigor do indivíduo, ao espírito de iniciativa, de ousadia e ao mesmo tempo de previdência e de capitalização. Estas qualidades que distinguem o europeu e o americano da mesma cepa, das outras raças, todo o sistema de Estado dito paternal(...) tende a comprimi-las primeiramente e a eliminá-las depois. O indivíduo já não terá de se preocupar consigo; energético ou não, activo ou sonolento, capaz ou limitado, terá a sua sorte fixada antecipadamente, só variando em estreitos limites. Um mecanismo automático, o da obrigação legislativa fará com que a assistência do Estado garanta o seu futuro. Consideramos o sistema detestável, próprio para transformar em perpétuas crianças, em seres paralisados e sonolentos, os membros das nações civilizadas". Paul Leroy-Beailieu, "O próximo abismo:o projecto de lei sobre as reformas" in o Economista Francês, 1901
Venha de lá essa alternativa saída, Joaquim.
Estou curioso.
A equidade fiscal - (anedota)
A equidade fiscal
Era uma vez dez amigos que se reuniam todos os dias numa cervejaria
para beber e a fatura era sempre de 100 euros.
Solidários, e aplicando a teoria da equidade fiscal, resolveram o seguinte:
- os quatro amigos mais pobres não pagariam nada;
- o quinto pagaria 1 euro;
- o sexto pagaria 3;
- o sétimo pagaria 7;
- o oitavo pagaria 12;
- o nono pagaria 18;
- e o décimo, o mais rico, pagaria 59 euros.
Satisfeitos, continuaram a juntar-se e a beber, até ao dia em que o dono da cervejaria, atendendo à fidelidade dos clientes, resolveu fazer-lhes um desconto de 20 euros, reduzindo assim a factura para 80 euros.
Como dividir os 20 euros por todos?
Decidiram então continuar com a teoria da equidade fiscal, dividindo
os 20 euros igualmente pelos 6 que pagavam, cabendo 3,33 euros a cada
um. Depressa verificaram que o quinto e sexto amigos ainda receberiam
para beber.
Gerada alguma discussão, o dono da cervejaria propôs a seguinte
modalidade que começou por ser aceite:
- os cinco amigos mais pobres não pagariam nada;
- o sexto pagaria 2 euros, em vez de 3, poupança de 33%;
- o sétimo pagaria 5, em vez de 7, poupança de 28%;
- o oitavo pagaria 9, em vez de 12, poupança de 25%;
- o nono pagaria 15 euros, em vez de 18.
- o décimo, o mais rico, pagaria 49 euros, em vez de 59 euros, poupança de16%.
Cada um dos seis ficava melhor do que antes e continuaram a beber.
No entanto, à saída da cervejaria, começaram a comparar as poupanças.
- Eu apenas poupei 1 euro, disse o sexto amigo, enquanto tu, apontando
para o décimo, poupaste 10!... Não é justo que tenhas poupado 10 vezes
mais...
- E eu apenas poupei 2 euros, disse o sétimo amigo, enquanto tu,
apontando para o décimo, poupaste 10!...Não é justo que tenhas poupado
5 vezes mais!...
E os 9 em uníssono gritaram que praticamente nada pouparam com o
desconto do dono da cervejaria.
"Deixámo-nos explorar pelo sistema e o sistema explora os pobres", disseram.
E rodearam o amigo rico e maltrataram-no por os explorar.
No dia seguinte, o ex-amigo rico "emigrou" para outra cervejaria e não compareceu, deixando os nove amigos a beber a dose do costume. Mas quando chegou a altura do pagamento, verificaram que só tinham 31euros, que não dava sequer para pagar metade da fatura!...
Aí está o sistema de impostos e a equidade fiscal.
Os que pagam taxas mais elevadas fartam-se e vão começar a beber
noutra cervejaria, noutro país, onde a atmosfera seja mais
amigável!...
que são necessárias unhas para tocar guitarra e os princípios que enunciei são as unhas que tangem o crescimento económico que alvejamos.
...
Percebese que o Joaquim nao é guitarrista nem foi /a nao ser guitarrista de guitarra de rock/. E tal asserto um guitarrista clássico bem saberia desmentir tal asserto.
Escolha bem suas metáforas ou cmparaçoes Joaquím senao e efeito comparativo das parabólas só dao em fábulas...fabulaçoes para um dia mais ou menos inspirado -
Boa Vivendi!
"A saída encontrada parece ser a do empobrecimento lento"
Unilever está se preparando para um "retorno da pobreza" na Europa : http://www.lemonde.fr/economie/article/2012/08/27/unilever-se-prepare-en-europe-a-un-retour-de-la-pauvrete_1751623_3234.html
Desculpem a língua estrangeira.
Enviar um comentário