No passado mês de Maio estava eu em Estocolmo, chamou-me a atenção uma igreja muito antiga no centro da cidade, junto ao palácio real. Decidi vistá-la e procurar conhecer a sua história. Uma lápide no exterior resumia tudo ou quase tudo. Era uma igreja luterana desde 1526, e depois contava-se a história de vários reis que nela tinham feito melhoramentos e até de um que a tinha parcialmente reconstruido após um incêndio. Tudo batia certo, não fosse uma pequena omissão. Aquela igreja fora inicialmente uma igreja católica - Igreja de S. Nicolau ou Catedral de Estocolomo, construida em 1279 -, até ser confiscada à Igreja Católica durante a Reforma Protestante.
No mesmo dia fui a um famoso museu de Estocolmo - o Museu Vasa. O Vasa é um barco de guerra sueco do século XVII que na viagem inaugural, e logo ao sair do porto, se afundou, e que foi recentemente trazido à superfície, dando o nome e sendo o objecto do museu. Enquanto se visita o museu fica-se a conhecer, através de vários textos afixados nas paredes, a excelência da tecnologia de construcção naval sueca da época - e de que o Vasa é um excelente exemplo, que não chegou a navegar 500 metros - bem como abundantes referências à tecnologia inglesa e holandesa. Nem uma referência a Portugal, Espanha ou Itália que eram os países que nessa altura há muito dominavam os mares e a tecnologia marítima.
Foi ao escrever o post anterior e ao relembrar textos do Chesterton e do Belloc acerca do distributivismo - que para eles era mais uma reivindicação política e religiosa do que propriamente uma doutrina económica articulada - que me dei conta de uma ironia. Depois dos vastíssimos roubos que a Coroa britânica, especialmente sob Henrique VIII e o seu filho Eduardo VI, fez à Igreja Católica, não é de surpreender que a Inglaterra tenha surgido como a campeã moderna na defesa da propriedade privada. Assim, também eu...
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