É necessário dar sinais aos alemães de que eles têm de pagar por aquilo que querem, mas não sabem fazer - uma Comunidade. E têm de pagar a quem sabe - os países católicos, sumariamente os PIGS. E que o pagamento é em dinheiro - o mesmo dinheiro com que os PIGS lhes pagam os Mercedes e os BMW's que eles sabem fazer. O mesmo dinheiro que constitui o excedente comercial da Alemanha e o défice externo dos PIGS, o qual é a fonte de todas as suas dificuldades presentes.
Agora que os alemães assumiram definitivamente o controlo da UE - passando por cima de todas as instituições comunitárias - é preciso ensinar-lhes o know-how comunitário básico, algumas das regras essenciais para se construir uma comunidade, porque eles não sabem. E a mais importante de todas é a de que, numa comunidade, não se discutem questões de dinheiro em público. Isso, se tem de se discutir, é em privado, com as portas fechadas.
Ora, é este erro básico que os alemães já estão a cometer, com a sua insistência, senão mesmo a sua obsessão, na questão financeira da Grécia, em primeiro lugar, e na de Portugal, Irlanda, Espanha e Itália, depois. Até na comunidade mais elementar que é a da família se sabe que quando o homem e a mulher se põem a discutir questões de dinheiro à frente dos filhos, mais ainda na praça pública, o resultado inevitável é o divórcio e, portanto, a destruição da comunidade.
Os alemães, por força da sua cultura, não só não sabem construir comunidades, como a sua propensão cultural é para as destruir e, com a sua obsessão nas questões do dinheiro, é isso que eles se preparam para fazer a mais uma - a Comunidade Europeia - se, entretanto, não forem ensinados. Eles já em tempos, iam liquidando a comunidade católica, e tudo começou por questões de dinheiro - as indulgências. Mais recentemente na história, eles só não dizimaram a comunidade judaica porque foram parados a tempo, e tudo começou também por questões de dinheiro.
Numa Comunidade, que seja verdadeiramente uma comunidade, discutir em público assuntos financeiros, é tema absolutamente tabú, porque é o tema mais divisivo de todos. Alguém já viu a Igreja Católica, que é a mãe de todas as comunidades, andar a discutir problemas financeiros em público? Não, não viu nem nunca verá, embora ela tenha os seus próprios problemas financeiros.
O homem começa por participar, mas quem cria verdadeiramente a primeira e a mais importante de todas as comunidades - a família - é a mulher. Mas será que o homem pode esperar um dia ter esta comunidade, e até presidir a ela, guardando para si tudo aquilo que ganha, e não entregando uma parte, às vezes a totalidade, em casa, à mulher, para que ela cuide da comunidade, durante o tempo da gravidez, da amamentação dos filhos, da sua criancice e até os tornar independentes? Nenhum homem que pense assim alguma vez terá uma família.
A cultura alemã e luterana é uma cultura masculina e uma cultura masculina não sabe fazer comunidades. A cultura católica - a dos PIGS -, que é uma cultura feminina, essa sim, sabe fazer comunidades. Mas enquanto a cultura católica cria e cuida da comunidade é necessário que os países protestantes entrem com o dinheiro. Caso contrário, não há Comunidade para ninguém.
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