Portugal tem tudo. Até tem o paraíso. Se calhar, tem vários, mas então Porto Santo é certamente um deles.
Eu fui educado na ideia de que um dia iria para o inferno, para o purgatório ou para o paraíso e, naturalmente, desde criança que faço uma representação mental do que seja o inferno, o purgatório e o paraíso. Ora, a primeira vez na vida em que cheguei a um local onde, depois de olhar em volta e me ambientar, dei comigo a pensar que este era o local que mais se parecia com a representação mental que eu fazia do paraíso, foi quando há cerca de 5 anos passei pela primeira vez uma semana de férias em Porto Santo.
Uma ilha quase deserta, no entanto com tudo o que é essencial mesmo ali à mão, rodeada pela infinidade do céu e do mar, a tranquilidade absoluta. Ao longe, dependendo do tempo, às vezes avista-se a Madeira. Tudo é aprazível, o clima, as pessoas, a comida, o ritmo de vida. Só há um supermercado em toda a ilha, e os jornais só chegam no dia seguinte, quando chegam.
A Ilha só tem 5 mil habitantes e, mesmo no pico do Verão, com os turistas, a população não chega a 20 mil. São poucos os turistas que procuram ou conhecem Porto Santo, os mais numerosos sendo os madeirenses que lá têm casas de Verão e vão passar férias (ir de uma ilha passar férias para outra, sugere que esta última é radicalmente diferente da primeira, e, na realidade, assim é).
Tudo parece feito para que a Ilha não atraia nunca muitos turistas. A viagem é cara, a oferta hoteleira é escassa e portanto cara, os restaurantes são caros e demoram uma infinidade a servir. Na realidade, no dia em que lá cair o mundo inteiro, ela perde a sua característica essencial. Deixa de ser um paraíso.
Eu não sei se, no final, irei para o inferno, para o purgatório ou para o paraíso. Mas se, por acaso, fôr para o paraíso, então eu quero ir para Porto Santo.
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