"A maior parte da América inglesa foi povoada por homens que, tendo rejeitado a autoridade do Papa, não reconheciam nenhuma outra supremacia religiosa; eles trouxeram, portanto, para o Novo Mundo uma Cristandade que eu posso apenas descrever como democrática e republicana; este facto favoreceu singularmente o estabelecimento de uma república temporal e a democracia. Desde o início, a política e a religião estavam de acordo, e desde então nunca mais deixaram de estar.
Há cerca de cinquenta anos atrás, a Irlanda começou a enviar uma população Católica para os Estados Unidos. O Catolicismo americano também fez os seus convertidos. Existem agora nos Estados Unidos mais de um milhão de Cristãos professando as verdades da Igreja Romana. Estes católicos são muito leais à sua fé e cheios de zelo e ardor nas suas crenças. Não obstante, eles formam a mais republicana e democrática de todas as classes nos Estados Unidos. À primeira vista isto pode parecer surpreendente, mas um pouco de reflexão facilmente identifica as suas causas escondidas. (...)".
(Alexis de Tocqueville, A Democracia na América, 1835).
Neste pequeno excerto, o Tocqueville menciona, provavelmente sem o pretender, algumas características da cultura católica. A primeira é a sua capacidade de adaptação. Os católicos irlandeses não foram para a América idos de um país democrático (certamente que não no sentido americano do termo), e muito menos republicano. Mas rapidamente absorveram as instituições e a cultura que encontraram - republicanismo e democracia - e a integraram na sua própria cultura.
A segunda característica é ainda mais curiosa, que é a de quererem sempre ser mais papistas que o Papa - a característica que, em última instância, conduz alguns ao extremismo. Os católicos não apenas integraram rapidamente o republicanismo e a democracia na sua cultura, como se tornaram os mais republicanos e os mais democratas de todos os americanos, isto é, os mais americanos entre os americanos.
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