05 janeiro 2012

contra-cultura

Na tentativa que tenho vindo a fazer para compreender a cultura católica, e portanto, a sociedade portuguesa sob o ponto de vista sociológico, mais do que teológico ou religioso, ocorreu-me há dias uma surpresa, ao ler um comentário bem informado acerca deste tema (Bernie Gaynor, aqui).

O ponto é o seguinte: nos países católicos existem pessoas, às vezes muitas, que são profundamente anti-católicas. Talvez seja mesmo apropriado dizer que os mais radicais anti-católicos que existem, ou existiram no mundo, estão nos países ditos católicos. Esta é uma cultura que produz a sua própria contra-cultura. Esta foi a minha descoberta, e logo me ocorreu um exemplo paradigmático. Lutero, talvez o maior adversário moderno do catolicismo, era um padre católico.

E, pensando bem, estava mesmo debaixo dos olhos. Uma cultura católica (que significa universal) há-de conter dentro de si tudo aquilo que existe no mundo (universo). Ora, no mundo existem católicos, anti-católicos, e todos os graus intermédios entre estes dois extremos, e ainda aqueles que não querem saber do catolicismo, ou do seu contrário, para nada. Portugal, como país católico, tem de tudo isto.

Os principais adversários de Portugal (utilizo a palavra adversários e não inimigos porque a atitude, sendo cultural, é inconsciente), aqueles que mais contribuiram para pôr Portugal no estado em que se encontra - na economia, na justiça, na política, etc. - não estão lá fora, não se devem procurar no estrangeiro. Estão cá dentro.

Quem julga que é muito inovador ou original a criticar os valores tradicionais da cultura católica portuguesa, que se desengane. É até muito banal. É um produto típico da sua própria cultura. (Por falar em produtos típicos da cultura católica, este, citado pelo Joaquim, é um deles, sem tirar nem pôr)

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