15 maio 2011

uma triste realidade

"Como é óbvio, ganha um debate quem consegue conquistar mais votos com aquilo que diz. Para isso, tem de se ter em conta a incontornável realidade que o "The Wall Street Journal" publicou: 'Só 28% da população portuguesa entre os 25 e os 65 anos completaram o nono ano.' (...) Portanto, de nada valem as imaginativas escolhas políticas dos 1.569 doutorados que Portugal tem ou dos dois milhões e meio de letrados que entendem razoavelmente o que leem e o que ouvem. São todos sufocados pelos sete milhões e meio que não atingem as subtilezas das compensações fiscais e os méritos dos equilíbrios orçamentais. É neste grupo que se inclui o formidável lastro de incompreensão dos repetentes na população escolar já com direito a voto que não vão ser sensíveis a apelos que despertem uma ética nacional de trabalho numa cidadania responsável. Muitos deles já são produto de uma geração ela própria sem uma cultura de trabalho onde não há o estigma da vida totalmente subsidiada em permanente estado de inserção social. Esta gente vota para o lado de onde lhe parecer vir mais dinheiro e menos trabalho. Por tudo isto, ganha debates quem optar pelo discurso orwelliano tipo "eu sou contra o FMI" ou pelo menos "eu fui contra o FMI" ou ainda melhor "eu sou contra o FMI e as agência de rating". Cria-se um inimigo imaginário e as hordas de jovens de brinco e tatuagens poderão alinhar num novo ódio comum e irracional (...) Conquistará ganhar este eleitorado em números quem conseguir articular claramente: o FMI é bué da mau pá. Tudo o mais são as minudências que Eduardo Catroga tão eloquentemente verbalizou no que, provavelmente, foi o único discurso político de percepção universal entre o variado eleitorado nacional.", Mário Crespo, esta semana no Expresso.

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