Aquele artigo do MEC, anteontem, mais o dia de hoje, encheram-me de nostalgia, um sentimento amaricado e, portanto, genuinamente português.
Nostalgia do Canadá. Foi à hora do almoço quando corria em tronco nú sobre o passadiço entre as praias de Miramar e Francelos. (Eu aprendi no Canadá a apreciar as coisas que Portugal tem de melhor, e uma delas é seu extraordinário clima, como o dia que faz hoje).
O artigo do MEC levou-me a pensar de novo na questão na qual reflicto muitas vezes, e à qual chego sempre à mesma resposta. Qual foi a maior perda que tive resultante da minha decisão em 1986 de regressar a Portugal? A Universidade e a vida universitária.
O dia de hoje, porque faz 27 anos a minha filha S. que nasceu lá. Lembro-me perfeitamente de tudo nesse dia. Era Sábado. Estava um dia de sol; os melhores meses no Canadá são Abril e Maio embora, mesmo esses, não como em Portugal. Ela nasceu às seis e meia da tarde, eram onze e meia da noite da noite em Portugal.
E foi assim, movido por esta nostalgia, que eu me dei a pensar enquanto corria, como é que eu poderia voltar a viver aqueles anos de tanta felicidade intelectual que tinha vivido no Canadá. Na universidade portuguesa, não - isso eu sei por experiência própria. Mas em Portugal há de tudo, e deve existir algum sítio onde se possa viver assim. Foi então que se fez luz no meu espírito. Nos Conventos. Deve ser nos Conventos. Nas minhas próximas saídas do Porto vou continuar a visitar Conventos.
Visitei dois ultimamente, as ruínas do Convento de Tomar, onde já não ia desde adolescente, e o Convento das Carmelitas, em Fátima, onde fui pedir para rezarem pela minha mulher, que convalesce de uma doença grave. Fiquei encantado. Se algum dia ficar viúvo, e se a minha ideia se confirmar, sou bem capaz de acabar a vida num Convento e experimentar de novo aquela felicidade espiritual de há 30 anos atrás.
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