31 março 2011

deslealdade

Desde que José Sócrates pediu a demissão que vários comentadores - o António Barreto, eu próprio e muitos outros - têm pedido uma auditoria ao real estado das contas públicas, conduzida por entidades independentes do poder político. Desde logo, da execução dessa auditoria, ficariam excluídos o Instituto Nacional de Estatística e a Direcção Geral do Orçamento que, como entidades autónomas mas dependentes do poder político, seriam sempre permeáveis a pressões, por mais competentes que sejam os seus respectivos quadros técnicos. Sobrariam, portanto, o Banco de Portugal, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República (UTAO) e o Eurostat.

Infelizmente, segundo relatos da imprensa, esse pedido de auditoria não terá agradado ao Presidente da República que, imbuído da sua extraordinária magistratura activa, terá concluído que, neste momento, uma maior transparência nas contas públicas não beneficiaria o País. O Banco de Portugal, por sua vez, também terá declinado a ideia, no argumento (sensível) de que, uma sua intervenção em tão delicado assunto, poderia politizar aquela instituição. Quanto à UTAO, soube-se hoje, através da imprensa económica, e na sequência da publicação de (mais) um relatório crítico do estado das contas públicas, que o PS pretende que os próximos relatórios desta equipa técnica NÃO SEJAM PUBLICADOS (!) antes da tomada de posse de um novo Governo. Motivo: segundo os deputados do Partido Socialista, os relatórios dos técnicos da UTAO, nas actuais circunstâncias políticas, poderiam servir de meras armas de arremesso eleitoral...Portanto, por este ou por aquele motivo, restam-nos apenas os estrangeiros do Eurostat. Caso para concluir: mas que pobre país!

Ps: É cada vez mais urgente a constituição de uma Assembleia de Patriotas, cidadãos portugueses, sem quaisquer vínculos políticos, verdadeiros independentes, escolhidos entre a sociedade civil nos mais variados quadrantes profissionais....como se fez na Islândia no rescaldo da crise.

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