Tenho, em relação à famosa música dos Deolinda, sentimentos contraditórios. Por um lado, a ideia que a canção transmite, ou seja, que "estudar não compensa", parece-me absurda. Não só a taxa de desemprego entre os licenciados é mais baixa que a taxa média global (considerando já os licenciados que ainda não ingressaram no mercado de trabalho), como também existe muita evidência de que a progressão salarial dos licenciados tende a ser muito superior à dos que não possuem formação superior. Mas, por outro lado, pelo que vou observando, creio que o ganho marginal, em matéria de empregabilidade, associado aos diferentes graus de formação superior tende a ser menor. Ou seja, o valor acrescentado concedido por certas licenciaturas e, também, por certos programas pós-graduados é hoje altamente questionável, conduzindo à percepção, incorrecta, de que "estudar não compensa". Neste capítulo, reconheço alguma justiça à canção. Porém, tal não invalida que o problema esteja no "estudar". Não, o problema é outro e reside essencialmente na falta de qualidade e na inutilidade de certo "estudar", que, ao não ser reconhecido por quem emprega, cria a ilusão, nos que procuram emprego, de que não vale a pena perder tempo com os estudos.
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