07 abril 2010

teoria política do catolicismo - 1

Eu pretendo neste post iniciar o desenvolvimento de uma teoria política do catolicismo e, no final, quando ela estiver razoavelmente completa na sua arquitectura, compará-la com a teoria política vigente de inspiração protestante - a da democracia-liberal.

O meu primeiro objectivo é estabelecer as traves-mestras em que assenta uma tal teoria, e que são derivadas da Doutrina Social da Igreja.

A primeira é a ideia central de comunidade. A Igreja valoriza a comunidade, que é um elemento-chave do personalismo católico. É em comunidade que o homem desenvolve as suas potencialidades e realiza a sua personalidade. A comunidade de base é a família, seguindo-se as comunidades de âmbito progressivamente maior até à humanidade.

Segunda, a filosofia "bottom-up". As comunidades humanas desenvolvem-se de baixo para cima, da mais pequena para a maior, seguindo a ordem natural das coisas, e não de cima para baixo (top-down), da maior para a mais pequena.

Terceira, o princípio da subsidiaridade: uma comunidade de ordem superior não deve interferir nas tarefas e nas competências que uma comunidade de ordem inferior pode realizar.

Quarta, a democracia. A Igreja é favorável à democracia, e só lhe impõe limites quando ela ameaça tornar-se impessoal ou de massas, irresponsabilizando os cidadãos. Por isso, a Igreja favorece a democracia pessoalizada ou de pequeno grupo que é aquela em que todos os eleitores se conhecem e conhecem as pessoas em quem votam.

Estas traves-mestras fornecem as bases para uma teoria política da sociedade católica.

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