Ao contrário daqueles que vêem no caso da pedofilia dos padres um enfraquecimento da autoridade da Igreja, e da sua influência no mundo, eu estou firmemente convencido que a Igreja vai saír desta situação com um vigor redobrado e uma influência muito mais vasta sobre a humanidade. O século XXI pode bem vir a ser um dos grandes séculos da história da Igreja.
A pedofilia dos padres deu pretexto para mais um episódio nesse grande romance que dura há dois milénios entre Ekklesia (*) e Cristo, representado pela figura do Papa. Não é sequer surpreendente que o assunto da pedofilia esteja cada vez mais concentrado em torno da figura do Papa. Este foi a pretexto que Ekklesia arranjou - podia ter sido outro - para se meter com o Papa, para o picar, para o incomodar, para o desconcentrar e o enciumar, para o criticar e até invectivar.
E o que quer uma mulher que decide andar constantemente atrás de um homem, sem o largar, sem lhe dar descanso, a meter-se com ele, a picá-lo, a distraí-lo, a desconcentrá-lo, a enciumá-lo, a depreciá-lo, a criticá-lo, a invectivá-lo até? O que quer esta mulher deste homem? Quer atenção, quer romance e aventura, quer festa, quer direcção e excitação, quer que ele a leve ao céu. Quer fecundação.
Desde a Reforma Protestante que Ekklesia se tinha afastado do Papa. Porém, o protestantismo não satifaz uma mulher, nem nas suas doutrinas teológicas, nem nas suas doutrinas laicas, como o liberalismo e o socialismo. O protestantismo não venera a mulher nem lhe dá romance, o protestantismo não lhe dá festa nem excitação, não lhe dá vida nova, não é sequer capaz de a levar ao céu. E uma mulher precisa de grar vida nova. Ekklesia está triste e abandonada. Está desesperada e, como toda a mulher desesperada, começou por fazer avanços ao Papa.
A pedofilia é o pretexto que ela encontrou para atraír a atenção do Homem. E não descansará enquanto o Homem não lhe der atenção, enquanto Ele não lhe der aventura e romance, enquanto Ele não lhe pegar na mão e lhe indicar o caminho da festa e da excitação, enquanto Ele não a levar ao céu. Enquanto Ele não a fecundar. E meteu-se com o Homem certo porque não existe na história moderna da Igreja Papa mais cheio de tensão do que o Papa Bento XVI.
Bento XVI dedicou toda a sua vida a pensar em Ekklesia - e em estado de castidade. Ele tem seguramente a obra teológica mais vasta de todos os Papas modernos. Um Homem que passa a sua vida a sonhar com uma Mulher sem nunca lhe poder tocar é um homem pleno de emoção, um homem pronto para o romance e a aventura, e sobretudo um Homem cheio de tensão. Ao longo de todos os seus anos, ele sonhou e imaginou milhões de vezes tudo o que faria com Ekklesia, se algum dia a possuísse, todos os passeios e aventuras, todas as ternuras, as delicadezas e os jogos de amor que faria com ela, as avenidas, as ruas e as travessas pelas quais a levaria ao céu e, naturalmente, o ardor, a intensidade, a emoção do primeiro encontro a sós.
Ekklesia esbraceja e agita-se para reclamar a atenção do Homem. Quer aventura, romance, quer festa e excitação. Quer fecundação. E vai tê-la porque o Papa é um homem cheio de tensão. Ele vai levá-la ao céu. E fecundar nela vida nova, que é aquilo que ela está a pedir, porque esta vida está triste e sem romance, uma desolação.(*) Utilizo doravante o termo Ekklesia no seu sentido original grego de comunidade de todos os homens, e não no sentido institucional de Igreja Católica.
Sem comentários:
Enviar um comentário