Pouco mais de cem dias vencidos sobre a sua posse, o governo português exibe uma fragilidade própria de fim de ciclo. A oposição não oferece alternativas e o seu principal partido, o PSD, consome-se em questiúnculas internas e pessoais, em vez de apresentar aos portugueses uma alternativa de governo e uma equipa e um líder que a possam corporizar. O Chefe de Estado permanece quedo e mudo, aqui e ali mostrando má cara e insatisfação perante o que se passa, mas não mais do que isso. As instituições judiciais não têm a confiança dos portugueses. Os próprios juízes criticam-nas. Os políticos reclamam da sua ineficácia. Do próprio governo e do primeiro-ministro chegam temores sobre o Estado de Direito, e algumas personalidades da oposição afiançam-nos que ele já não existe em Portugal. Em cima de tudo isto, o país confronta-se com a mais grave crise económica e social de que há memória no regime democrático. O desemprego não pára de crescer, as empresas fecham umas atrás das outras, o défice público conhecido é imenso e já ninguém parece acreditar que as coisas possam mudar para melhor. Do estrangeiro não vêm boas notícias. Em todos os rankings negativos (PIGS, STUPID, etc.) Portugal ostenta lugares cimeiros, mas nem por isso honrosos. Fala-se da provável saída do Euro. A pergunta que é preciso fazer é, portanto, muito simples: quanto tempo aguenta um país em estado de coma?
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