09 fevereiro 2010

da são caetano à lapa

Paulo Rangel não vislumbra, em Portugal, vestígios de um Estado de Direito. Rangel pensa que o governo só cumpre formalidades e não tem responsabilidades democráticas substanciais. Disse-o fora do país, em Estrasburgo, onde se exilou nas últimas eleições europeias. Para compor o drama, só lhe faltou pisar circunspectamente a bandeira nacional - símbolo da ditadura opressora -, como fizera no passado o Dr. Mário Soares, o patriarca. Meia hora mais tarde, Aguiar-Branco anuncia que pensa exactamente o contrário: que o país tem instituições, que as instituições funcionam e que não é necessário lacrimejar os nossos problemas fora de portas. Como fez Paulo Rangel, seu putativo adversário na corrida à liderança do partido. Neste entretanto, Pedro Passos Coelho nada diz sobre o assunto. A famigerada “asfixia democrática”, leitmotiv da sua adversária (mas não inimiga!) Manuela Ferreira Leite na última campanha eleitoral para as legislativas, nunca lhe agradou e não será agora, a poucos palmos do poder, que vai começar a apreciá-la. Passos e os seus andam mais preocupados como o magno problema das directas vs. congresso, congresso vs. directas, não vá surgir-lhes um outro coelho de uma cartola desconhecida que lhes arruíne o laborioso trabalho feito nestes dois últimos anos. Já Machete, seráfico e hermético, anunciou que os social-democratas não podem “ser apanhados descalços” perante a grave situação da pátria. Carreiras viu nestas sábias palavras a realização do seu desígnio, da sua demanda política, do seu “Grande Objectivo” – a eleição de um líder para o PSD até ao fim do mês de Março, coisa tida como pertencente ao mundo da transcendência. Temos fortíssimas expectativas de que se venha a realizar”, disse! Até lá, Marcelo continuará a comentar na televisão, se a asfixia democrática não lhe toldar o raciocínio, Santana preparará o seu extraordinário discurso com que espera exaltar a militância no seu extraordinário congresso, e Manuela Ferreira Leite continua muda e queda, sem nada dizer ou acrescentar ao que não foi dito. Desde que deixou de nos falar tem sido a mais sensata de todos.

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