"Social cohesion is one of those values all decent Europeans can sign up to (...) though the need to preserve social cohesion, parroted by European politicians from left to right, has become a self-defeating excuse to avoid reform (...) Two worrying threads can be discerned in all this. One is the natural desire for social cohesion is being abused to justify the protection of 'insiders' - those in permanent jobs, in trade unions or in privileged professions. But the cost of protecting insiders falls largely on 'outsiders' - the unemployed and those in temporary work, especially young people and immigrants. The gulf between insiders and outsiders destroys the very social cohesion that the policy is meant to preserve (...) The second common thread is that social cohesion has become a reason to defend the privileges and perks in the public sector (...) Most governments seem too paralysed by their muddle-headed talk of social cohesion to act, despite the struggle to finance huge deficits. Yet they may now have a striking example in Ireland. Faced with a gaping budget and a recession, the Irish government has torn up its 30-year social compact with employers and unions. It has slashed public spending and made sharp cuts in pay. (...) What all European governments must grasp, though, is that many of the policies espoused in the name of social cohesion do not promote compassion over cruelty. Rather, they encourage decline, entrench divisions and thus threaten the harmony they pretend to nurture.", revista "The Economist" (30/01/2010)
O texto da Economist expressa aquilo que eu sinto acerca da realidade portuguesa. Por cá, os salários da Função Pública também cresceram desmesuradamente. Em consequência, o Estado representa hoje mais de 50% da economia e, se incluirmos todas as empresas para-públicas, provavelmente, o peso estatal aumenta para uns 70% de toda a actividade económica. Assim, não é surpresa que as insolvências e falências no sector privado continuem a evoluir a ritmo galopante. E que se acentuem as diferenças entre os salários de uns e de outros. Não vale a pena repetir os números que aqui repeti até à exaustão nas últimas semanas, mas não há como lhes escapar: a injustiça é inegável. E só o facto de os portugueses, refiro-me aos injustiçados, ainda não terem percebido que têm pouco a perder - face ao que poderiam ganhar com a mudança do "status quo" -, é que faz com que, para já, não se tenha ainda desencadeado a ruptura espontânea que, neste rumo, se afigura como inevitável.
Portugal tem hoje mais de 500 mil desempregados, quase que exclusivamente gerados no sector privado que, por sua vez, representa mais de 80% da população activa do país. Ao mesmo tempo, o desemprego entre os jovens é o dobro da média nacional, conduzindo milhares de pessoas à emigração, entre trabalhadores pouco qualificados e profissionais especializados. Por isso, eu não entendo a relutância em atacar estas assimetrias, de forma voluntária, como fez a Irlanda. Infelizmente, os números são o que são e, desse modo, as assimetrias serão reduzidas nem que seja à força. É o que vai acontecer à Grécia, que não se vai safar como alguns espertalhões gregos tinham imaginado. A reunião de hoje em Bruxelas é disso exemplo: a UE está a pressionar a Grécia a seguir o exemplo da Irlanda. Enfim, já escrevia a Economist, no mesmo texto antes citado, que "(...) deeply troubled countries like Greece [which] probably has no alternative but to copy Ireland". Nós seremos os próximos.
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