Ontem, quase todos os telejornais se referiram ao programa "Novas Oportunidades", caracterizado por José Sócrates como um feito de enorme sucesso, "que mudou as mentalidades dos nossos compatriotas!". De facto, os números são extraordinários: desde o seu início, o "Novas Oportunidades" acolheu um milhão de portugueses, dos quais 300.000 já o concluíram.
Esquecendo a grandiosidade das palavras ontem utilizadas pelo nosso primeiro ministro, algo exageradas, o programa tem algum mérito, essencialmente, nas externalidades positivas que criou nas pessoas que o frequentaram, em particular, na melhoria da sua auto estima. Estes 300.000 portugueses sentem-se agora doutores! O que, quiçá, representa um estímulo para novas acções de formação e de aprendizagem, mais ou menos, técnica. E, a prazo, porventura, melhores empregos.
Contudo, o programa tem, também, muitos inconvenientes, que, no balanço, mitigam bastante o seu relativo sucesso. Primeiro, ao contrário do espírito que, em teoria, lhe estaria atribuído, o "Novas Oportunidades" tem sido de adesão pouco espontânea. Ao que julgo saber, o Estado paga, através de subsídios, a uma boa parte daqueles "novos licenciados" para frequentarem o programa. Segundo, apesar da propaganda governamental, o ensino e o nível de exigência associado ao "Novas Oportunidades" é de muito discutível qualidade. E, nesse sentido, constitui uma enorme injustiça para aqueles estudantes, sobretudo no ensino secundário, que, apresentando dificuldades de progressão, perdem alguns anos antes de concluirem os estudos. Ou seja, o "Novas Oportunidades", neste sentido, é um incentivo ao facilitismo. Porque, sejamos francos, para quê ir pela via normal se posso entrar pela porta do cavalo?!
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