A cimeira de Copenhaga caminha no sentido de uma grande desilusão. E, ao que parece, a grande "culpada" é a China, que insiste na necessidade de os países desenvolvidos subsidiarem a transição para tecnologias menos poluentes nos países em desenvolvimento. Enfim, trata-se de uma posição negocial cujo objectivo, na minha opinião, passa apenas por boicotar a cimeira. De resto, não causa surpresa, porque a China tem a sua própria agenda e está-se nas tintas para os problemas do resto do mundo. É, por isso, que está a boicotar esta cimeira. E é a mesma razão pela qual, também, boicota outros esforços de lobby internacional, de que é exemplo a sua renitência em deixar a sua divisa flutuar livremente.
Nestas discussões acerca da China é importante que não esqueçamos do seguinte: o seu PIB per capita é de apenas 2.400 dólares, três vezes menos que o do Brasil (outro BRIC) e vinte vezes menos que nos Estados Unidos. Acresce a isso, a realidade do seu tecido empresarial, caracterizado pela enorme assimetria na distribuição de recursos e activos como podemos constatar de seguida: "Today, foreign funded companies in China employ a mere 3 percent of the workforce (...) By contrast, domestically funded companies employ 97 percent of the workforce and are responsible for 45 percent of exports and 78 percent of GDP. For the foreign funded sector, labor productivity may be as much as nine times higher than it is in the domestically funded sector" (Smick, David (2008). The world is curved. New York, NY: Penguin Group).
Por outras palavras, a China não vai em conversas. Usará da sua força - e da percepção de força que o resto do mundo lhe atribui - para actuar somente na direcção dos seus interesses estratégicos, inviabilizando quaisquer medidas que possam fragilizar a posição competitiva dos seus agentes económicos. Em certo sentido, para a Europa e Estados Unidos, trata-se de uma batalha desigual, daí a inevitabilidade de se regressar a alguma forma de proteccionismo, coisa que, na prática, é aquilo que a China já está a fazer.
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