07 outubro 2009

negócios

O presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) alertou hoje para a possibilidade de o elevado número de operações às cataratas realizadas em Portugal representar um desinvestimento em outras áreas, como a oncologia.
"Se fosse oncologista estaria muito preocupado. Como oftalmologista, seu que há muitos doentes com cataratas que podem manter uma boa qualidade de vida sem a operação", disse o médico, acrescentando serem poucos os doentes que ficam cegos devido às cataratas.
Segundo o presidente da SPO, actualmente "há em muitos diagnósticos uma componente subjectiva e os próprios doentes, devido ao marketing que tem sido feito à volta da catarata, se notam algum problema de visão pensam logo que é uma catarata".
António Travassos sustentou as suas afirmações com o número de cirurgias realizadas noutros países europeus com uma população idêntica à de Portugal.
Em 2006 foram realizadas em Portugal 73.743 operações às cataratas, um número que subiu para 81.935 em 2007 e para 107.800 em 2008.
A Bélgica, com uma população de 10,7 milhões de habitantes, idêntica à de Portugal, operou 72 mil doentes em 2006, 75 mil em 2007 e 77.700 em 2008.
Já a Áustria, com 8,6 milhões de habitantes, realizou 44 mil cirurgias em 2006, 49 mil em 2007 e 60.100 em 2008, enquanto a Holanda, com cerca de 16 milhões de habitantes, realizou 125 mil intervenções em 2006, 135 mil no ano a seguir e 150 mil no ano passado.
"Desde 2006, nós somos destes quatro países, que têm uma população equivalente, o que mais tem operado cataratas", sublinhou o médico, receando que "haja alguns negócios à volta disto".

Via JN

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