11 setembro 2009

Jóker


Tendo em conta que já há algum tempo escolhi o partido no qual vou votar, tenho seguido os debates televisivos por alto e sem grande interesse. Mas enfim, como já conheço a substância (ou a ausência dela) dos programas políticos dos diversos partidos, do pouco que vi, tenho procurado analisar a forma (ou formato) que os líderes partidários têm adoptado na transmissão das suas ideias. Em particular, tenho prestado atenção à linguagem corporal de cada candidato.

Pois então, aquele que tem evidenciado melhor registo tem sido José Sócrates. Com excepção do primeiro debate com Paulo Portas, em que Sócrates esteve anormalmente frouxo (sem que Portas tenha estado especialmente brilhante), nos restantes o Primeiro Ministro esteve particularmente enérgico. No extremo contrário, ou seja, aquele que, na minha opinião, pior registo tem evidenciado está Francisco Louçã, no que constitui uma (agradável) surpresa negativa, pois assumia-se que o coordenador (?!) do Bloco de Esquerda fosse muito forte no debate televisivo. Não tem sido. Pelo contrário, tem metido os pés pelas mãos e demonstrado falta de preparação, quiçá, pressionado pelo mediatismo que o seu partido (?!) adquiriu nos últimos anos.

Quanto aos restantes, Manuela Ferreira Leite tem estado mediana a fugir para o medíocre. Já se sabia que a capacidade de expressão não era o seu forte. E que não cria especial empatia com o público. Mas aquilo que me tem decepcionado é a falta de clareza, a falta de comprometimento, que tem revelado. Além de que, quando tenta um sorriso, o seu esboço facial, ou seja, os olhos à chinês, os dentes cintilantes e o queixo pontiagudo acabam sempre a revelar uma certa sobranceria e um ar de certo modo maquiavélico. Obviamente que isto nada tem a ver com a respeitabilidade da senhora; tem apenas a ver com a sensação visual gerada pelo seu sorriso. Em relação a Paulo Portas, tem estado mediano a fugir para o razoável. Por um lado, há momentos em que parece muito assertivo e muito sólido. E, depois, tem aqueles momentos em que foge ao contacto visual face ao seu oponente, parecendo algo amedrontado vá-se lá saber com quê. Por fim, Jerónimo de Sousa que, fiel ao seu registo habitual, tem sido de uma mediania absoluta. Cinzento. Previsível. Enfim, repetindo a cassete do costume, mas que em certo sentido poderá vir a ser eficaz.

Por fim, uma última palavra em relação à química estabelecida entre candidatos a possíveis coligações. À Direita, para grande desgosto meu, observei no debate entre Ferreira Leite e Paulo Portas alguma falta de empatia entre os dois. Isto é, ambos fizeram um esforço para não se picarem muito - sobretudo Ferreira Leite, Portas menos - mas não quebraram o gêlo. Quanto à Esquerda, Sócrates e Louçã não funcionam juntos, porque ambos têm personalidades de certo modo semelhantes. Demasiado convictos de si próprios. Assim sendo, resta Sócrates com Jerónimo de Sousa, que me pareceu a parceria mais harmoniosa. Provavelmente, não será a mais promissora, mas isso já é outra história!

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