29 setembro 2009

Coligações?


Ainda no rescaldo das eleições e especulando acerca do que se seguirá em matéria de coligações, acredito que o PSD é bem capaz de caír na ratoeira que lhe será montada por Sócrates: o convite para um Bloco Central ou um Pacto alargado de cooperação institucional. Senão vejamos:

1) A hipotética coligação PS-CDS, tão badalada na imprensa de ontem, não deverá acontecer. Por uma simples razão: as duas agendas políticas nada têm a ver uma com a outra! A começar nos impostos, que o PS terá de aumentar para satisfazer o crescimento da despesa e os grandes projectos como o TGV, mas que o CDS quer diminuir como ficou claro na campanha eleitoral (e algo que o PSD nunca teve coragem de assumir). Qualquer cedência neste domínio, iria ferir de morte a credibilidade de Portas. E, no entanto, este domínio será um dos principais temas da próxima governação. Veja-se o que está acontecer em Espanha: ontem, já se anunciaram subidas nos impostos.

2) Pelo contrário, no caso do PSD, ainda atordoado com a derrota que teve e já com um novo golpe palaciano a ser preparado nos bastidores, o convite para o poder - através do tal Bloco Central ou de um Pacto de Regime alargado com Sócrates - seria irresistível! À superfície, seria encarado como uma forma rápida, cosmética, de limpar a pesada derrota eleitoral. Contudo, seria na realidade uma tremenda armadilha. Primeiro, porque eliminaria qualquer chance de uma regeneração interna do PSD. Segundo, porque descredibilizaria cada vez mais o PSD aos olhos da opinião pública, que passaria a ver o partido como uma espécie de Maria-vai-com-todos. Por outro lado, para Sócrates seria ouro sobre azul: dar-lhe-ia a governabilidade em todas as matérias de centro esquerda e manteria o eterno inimigo numa embrulhada interna!

Enfim, vamos lá ver o que se segue...

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