O que está em causa no próximo dia 27 de Setembro é saber se a III República tem ainda solução com a configuração que lhe conhecemos há trinta e três anos, ou se vai diluir-se na incapacidade governativa de soluções minoritárias, ou de bloco central, que inevitavelmente esgotarão a já muito reduzida paciência dos portugueses.
As opções são verdadeiramente muito poucas. De Sócrates e do PS sabemos com que se conta: a tentativa de reformar o irreformável, de manter o Estado Social a tudo o custo, ou melhor, à custa de mais de metade da riqueza nacional que ainda vamos produzindo. Quatro anos e meio de socialismo demonstraram que nem o Estado Social melhora nos serviços que presta ao país, nem consegue diminuir o muito que lhe gasta. Pelo contrário, gastará cada vez mais e fará cada vez menos. De Sócrates com uma coligação à esquerda é de esperar isto, mas ainda pior. Os ataques aos “ricos” (onde estão eles?), os tais que têm a obrigação de pagar uma crise que não geraram, vão agravar-se, a despesa pública aumentará, as empresas continuarão a fechar em catadupa, e o empobrecimento aumentará. De Paulo Portas também é sabido o que se pode aguardar: um aliado correcto, que tanto viabilizará um governo do PSD como do PS, assim os seus votos cheguem para qualquer uma das soluções. Politicamente será um elemento neutro, como o foi no governo de Durão Barroso, contribuindo limitada e sectorialmente para a definição das políticas governativas.
Resta Manuela Ferreira Leite. Era dela que menos se poderia esperar qualquer surpresa ou novidade, mas há que reconhecer que só dela poderá surgir algo de novo. De facto, as suas anteriores experiências governativas, as intervenções feitas durante os primeiros meses de liderança do PSD e algumas decisões entretanto tomadas – como a constituição das listas de deputados – não a recomendavam especialmente para liderar uma alternativa ao governo socialista. Eu mesmo o escrevi abundantemente. Todavia, a seu favor há que reconhecer o seguinte: nunca teve a responsabilidade de chefiar um governo; tem falado pouco e, sobretudo ultimamente, quando fala, tem-se comprometido com soluções políticas sensatas e efectivamente distintas das do PS; tem uma idade que lhe permite estar muito acima das paixões políticas e das jogadas e compromissos envenenados com vista a um futuro distante; e, last but not least, revelou uma concepção do estado e do governo, no discurso de apresentação do programa do PSD e nas intervenções subsequentes, muito distinta da do Partido Socialista e francamente liberalizadora, que não pode ser ignorada e que seria lamentável que os liberais ostracizassem por quaisquer razões que sejam.
Apesar de Manuela Ferreira Leite não ser eventualmente uma liberal - pelo menos não o foi nas suas pretéritas experiências governativas -, as pessoas mudam, o país mudou muito nos últimos anos e demonstrou que os liberais têm razão quando atribuem ao estatismo a causa da crise profunda em que vive a sociedade portuguesa. Há, pois, que conceder-lhe o benefício da dúvida e admitir que, como dizia há dias o Vasco Campilho, as ideias possam ter feito o seu caminho próprio. Certamente que só confirmaremos ou infirmaremos esta hipótese depois das eleições e se Manuela Ferreira Leite as ganhar. Mas condená-la, à partida, ao que foi o seu passado, é não só redutor, como representará virar as costas à única líder partidária que se posicionou, pela primeira vez na III República, frontalmente contra o estatismo. Depois não se queixem os liberais de que as ideias que defendem não repercutem nos partidos que lhes deviam ser familiares.
As opções são verdadeiramente muito poucas. De Sócrates e do PS sabemos com que se conta: a tentativa de reformar o irreformável, de manter o Estado Social a tudo o custo, ou melhor, à custa de mais de metade da riqueza nacional que ainda vamos produzindo. Quatro anos e meio de socialismo demonstraram que nem o Estado Social melhora nos serviços que presta ao país, nem consegue diminuir o muito que lhe gasta. Pelo contrário, gastará cada vez mais e fará cada vez menos. De Sócrates com uma coligação à esquerda é de esperar isto, mas ainda pior. Os ataques aos “ricos” (onde estão eles?), os tais que têm a obrigação de pagar uma crise que não geraram, vão agravar-se, a despesa pública aumentará, as empresas continuarão a fechar em catadupa, e o empobrecimento aumentará. De Paulo Portas também é sabido o que se pode aguardar: um aliado correcto, que tanto viabilizará um governo do PSD como do PS, assim os seus votos cheguem para qualquer uma das soluções. Politicamente será um elemento neutro, como o foi no governo de Durão Barroso, contribuindo limitada e sectorialmente para a definição das políticas governativas.
Resta Manuela Ferreira Leite. Era dela que menos se poderia esperar qualquer surpresa ou novidade, mas há que reconhecer que só dela poderá surgir algo de novo. De facto, as suas anteriores experiências governativas, as intervenções feitas durante os primeiros meses de liderança do PSD e algumas decisões entretanto tomadas – como a constituição das listas de deputados – não a recomendavam especialmente para liderar uma alternativa ao governo socialista. Eu mesmo o escrevi abundantemente. Todavia, a seu favor há que reconhecer o seguinte: nunca teve a responsabilidade de chefiar um governo; tem falado pouco e, sobretudo ultimamente, quando fala, tem-se comprometido com soluções políticas sensatas e efectivamente distintas das do PS; tem uma idade que lhe permite estar muito acima das paixões políticas e das jogadas e compromissos envenenados com vista a um futuro distante; e, last but not least, revelou uma concepção do estado e do governo, no discurso de apresentação do programa do PSD e nas intervenções subsequentes, muito distinta da do Partido Socialista e francamente liberalizadora, que não pode ser ignorada e que seria lamentável que os liberais ostracizassem por quaisquer razões que sejam.
Apesar de Manuela Ferreira Leite não ser eventualmente uma liberal - pelo menos não o foi nas suas pretéritas experiências governativas -, as pessoas mudam, o país mudou muito nos últimos anos e demonstrou que os liberais têm razão quando atribuem ao estatismo a causa da crise profunda em que vive a sociedade portuguesa. Há, pois, que conceder-lhe o benefício da dúvida e admitir que, como dizia há dias o Vasco Campilho, as ideias possam ter feito o seu caminho próprio. Certamente que só confirmaremos ou infirmaremos esta hipótese depois das eleições e se Manuela Ferreira Leite as ganhar. Mas condená-la, à partida, ao que foi o seu passado, é não só redutor, como representará virar as costas à única líder partidária que se posicionou, pela primeira vez na III República, frontalmente contra o estatismo. Depois não se queixem os liberais de que as ideias que defendem não repercutem nos partidos que lhes deviam ser familiares.
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