23 julho 2009

sem ela



Neste post, o comentador LG toca num ponto ao qual já me referi também em posts anteriores - a saber, a enorme capacidade de adaptação ao mundo por parte da Igreja Católica.

Contrastando com a sua ortodoxia teológica, a Igreja exibe uma plasticidade na sua adaptação ao mundo que é extraordinária, e a razão da sua longevidade. Esta característica está presente nos povos educados sob a sua influência milenar. No mundo ocidental, os emigrantes por excelência são os povos católicos (portugueses, espanhóis, italianos, latino-americanos), normalmente para os países de tradição protestante. Não existem movimentos de emigração em massa de sentido contrário. Os povos de cultura protestante não possuem semelhante capacidade de adaptação a meios que lhes são estranhos.

Em termos políticos, esta diferença implica uma consequência importante. Os povos católicos são capazes de viver sob qualquer regime político, adaptando-se a ele, e a história dos países católicos da Europa do sul e da América-Latina nos últimos séculos está aí para o demonstrar. Pelo contrário, os povos de cultura protestante parecem não saber viver sem o regime de democracia-liberal. Sempre que saem fora dele (vg., Alemanha de Hitler) destroem-se.

A tese do Fim da História afirmava a universalização do regime de democracia-liberal. A tese é falsa, e o próprio Fukuyama já a abandonou. Provavelmente, uma tese verdadeira acerca da democracia liberal é a de que os países de predominância protestante não podem viver sem ela.

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