21 julho 2009

a sua capacidade de transigir com o mundo



Deixe-me apenas formular uma hipótese que tenho cá comigo já há algum tempo: a ICAR, a partir dos anos 50, e acelerando o processo nos 60 e 70, fez um cálculo equivocado.
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Imaginaram, os seus próceres romanos, que o mundo caminharia inevitavelmente para um período duríssimo de marxismo dominante, que se estenderia por muitas décadas para o futuro. Formaram na suposição de que a produção intelectual, já naquela época predominantemente de esquerda, estaria cada vez mais hostil ao catolicismo, que já então não contava com a autoridade - inclusive de coerção física - que dispunha em tempos pretéritos. Se apavoraram, os principais teólogos da Cúria Romana, com a possibilidade de que a proto-religão materialista do marxismo se constituísse em força política capaz de varrer a Igreja, não da esfera espiritual, mas da esfera de influência política e temporal, que é a esfera a qual a ICAR dedica acima de tudo os seus interesses.
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Erros de cálculo, suposições equivocadas, falhas de análise provocadas pelo medo, levaram a Cúria, que é, sempre foi, e continuará sendo até o fim dos tempos ULTRAMONTANA, a aquiecer com uma mudança de orientação doutrinal, abandonando a política de confrontação ortodoxa com a modernidade, que era prioritária até Pio XII, pela política de conciliação com o socialismo. Até que as nuvens negras se dissipassem e o horizonte fosse novamente visível. Essa conciliação chamou-se Concílio Vaticano II.Ora, hoje sabemos todos que eles erraram a dose. A infiltração comunista quase destuiu a ICAR desde dentro. Mas já agora a Cúria movimenta-se lentamente em direção ao sítio que sabe à sua natureza: o ultramontanismo.
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Bento XVI está apenas a iniciar esse processo, que será, a partir de agora, inevitável. O desespero dos chamados progressistas evidencia a questão.Agora, a minha hipótese: as próximas décadas verão uma ICAR fortemente conservadora, tradicionalista, retraída, pregando o retorno à doutrina antiga e mesmo à missa tridentina, que não duvido, será a regra em médio prazo. Depois virá o ultramontanismo.A ICAR é indestrutível, porque a sua capacidade de transigir com o mundo para sobreviver é infinita. E sua sede de poder a torna uma das forças mais poderosas da humanidade.O séc. XXI verá o reviver do poder católico em todo a sua potência. Quem viver, verá.
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LG 07.21.09 - 10:23 pm #

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