Na solução que proponho aqui a única organização tolerada possuindo semelhanças com uma organização política seria uma comissão de candidatura à disposição de cada um dos candidatos e que lhes permitisse organizar e tratar dos assuntos das suas respectivas candidaturas. Estas comissões teriam um cariz semelhante às actuais comissões de apoio aos candidadtos à Presidência da República e seriam extintas logo após as eleições. Tal significa que o candidato eleito para primeiro-ministro e a sua equipa governariam por quatro anos sem oposição institucionalizada.
Num país como a Inglaterra, que se encontrava profundamente dividido do ponto de vista religioso, e onde as seitas religiosas deram lugar aos partidos, compreende-se que após perder uma eleição, os partidos perdedores se mantenham institucionalizados e sirvam de oposição ao poder. O partido da oposição representa um conjunto alternativo de valores e um projecto alternativo de vida em sociedade a aguardar a sua oportunidade.
Porém, numa sociedade, como a portuguesa, onde existe um extremo consenso acerca dos seus valores, aqueles que perdem as eleições ficam ressentidos por não possuirem o poder já que não possuem mais nada (seja um conjunto alternativo de valores seja um projecto alternativo de sociedade ou uma ideologia) e aquilo que eles vão fazer é obstrucção a quem governa. Institucionalizar a oposição em Portugal é institucionalizar a obstrução à governação.
Os portugueses não são nem nunca foram ideológicos e nunca se hão-de dividir permanentemente por ideias, em primeiro lugar por que não acreditam nelas. Os partidos são, por isso, uma instituição nefasta à sociedade portuguesa e a sua institucionalização na oposição só impede a governação. Não acrescenta nada.
Dir-se-à que a sociedade portuguesa não está, nem nunca esteve, dividida religiosamente, mas está dividida ideologicamente. É preciso salientar que essa divisão foi instaurada pelos próprios partidos e que é meramente artificial. Ainda está para nascer o primeiro ideólogo português e o primeiro grupo de portugueses verdadeiramente ideológicos.
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Aqueles que o tentaram, como Álvaro Cunhal, foram tomar as ideologias de empréstimo ao estrangeiro, não conseguiram acrescentar-lhes uma linha de pensamento original que fosse e, no fim, falharam estrondosamente. Outros, como Mário Soares metem e tiram a ideologia da gaveta como quem muda de camisa. Freitas do Amaral passeia-se entre a democracia cristã e o socialismo como quem vai em peregrinação ora a Fátima ora ao túmulo de Marx. E quanto à ideologia de Sá Carneiro, para além da oposição ao regime anterior e de alguns aspectos da social-democracia que foi buscar ao estrangeiro, ainda permanece um mistério muito bem guardado.
Num país como a Inglaterra, que se encontrava profundamente dividido do ponto de vista religioso, e onde as seitas religiosas deram lugar aos partidos, compreende-se que após perder uma eleição, os partidos perdedores se mantenham institucionalizados e sirvam de oposição ao poder. O partido da oposição representa um conjunto alternativo de valores e um projecto alternativo de vida em sociedade a aguardar a sua oportunidade.
Porém, numa sociedade, como a portuguesa, onde existe um extremo consenso acerca dos seus valores, aqueles que perdem as eleições ficam ressentidos por não possuirem o poder já que não possuem mais nada (seja um conjunto alternativo de valores seja um projecto alternativo de sociedade ou uma ideologia) e aquilo que eles vão fazer é obstrucção a quem governa. Institucionalizar a oposição em Portugal é institucionalizar a obstrução à governação.
Os portugueses não são nem nunca foram ideológicos e nunca se hão-de dividir permanentemente por ideias, em primeiro lugar por que não acreditam nelas. Os partidos são, por isso, uma instituição nefasta à sociedade portuguesa e a sua institucionalização na oposição só impede a governação. Não acrescenta nada.
Dir-se-à que a sociedade portuguesa não está, nem nunca esteve, dividida religiosamente, mas está dividida ideologicamente. É preciso salientar que essa divisão foi instaurada pelos próprios partidos e que é meramente artificial. Ainda está para nascer o primeiro ideólogo português e o primeiro grupo de portugueses verdadeiramente ideológicos.
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Aqueles que o tentaram, como Álvaro Cunhal, foram tomar as ideologias de empréstimo ao estrangeiro, não conseguiram acrescentar-lhes uma linha de pensamento original que fosse e, no fim, falharam estrondosamente. Outros, como Mário Soares metem e tiram a ideologia da gaveta como quem muda de camisa. Freitas do Amaral passeia-se entre a democracia cristã e o socialismo como quem vai em peregrinação ora a Fátima ora ao túmulo de Marx. E quanto à ideologia de Sá Carneiro, para além da oposição ao regime anterior e de alguns aspectos da social-democracia que foi buscar ao estrangeiro, ainda permanece um mistério muito bem guardado.
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