Os homens da Geração de 70, como Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Teófilo Braga, etc., afirmavam-se todos democratas. Oliveira Martins, em particular, teceu odes à democracia. E depois, tal como os outros, tratava os portugueses e o povo português abaixo de cão. (Vasco Pulido Valente é quem, na actualidade, lhe imita o estilo).
O meu ponto é que estes homens não podem ser democratas, excepto na palavra. Ninguém pode ser democrata quando considera que a maioria das pessoas à sua volta, e o povo genericamente, são pessoas de qualidade inferior, senão mesmo desprezíveis. Quando chegar a altura de tomar decisões democráticas ninguém acredita nas decisões do povo simplesmente porque não acredita na capacidade do povo para decidir ou fazer bem seja o que fôr.
Este é o grande equívoco da democracia nos países de tradição católica. A democracia exige a observância estrita da Regra de Ouro, que cada um reconheça aos outros as mesmas qualidades e os mesmos defeitos que reconhece a si próprio, e possa portanto esperar dos outros um comportamento semelhante àquele que ele próprio está disposto a ter para com os outros.
Isto não existe na cultura católica, salvo como excepção.
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