Tendo descoberto que o principal defeito dos portugueses é a falta de julgamento, e que este é um defeito de natureza cultural e não de carácter, tenho ido de volta aos autores portugueses modernos para avaliar as suas opiniões sobre Portugal e os portugueses à luz desta descoberta.
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Já mencionei os casos de Ramalho Ortigão e Eça de Queirós. Trato aqui o caso de Oliveira Martins e do seu Portugal Contemporâneo, o livro que dá o nome a este blogue. No primeiro volume, o livro ocupa-se da Guerra Civil (1828-34) e dos acontecimentos que estiveram na sua génese.
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Aquilo que imediatamente ressalta aos olhos é que este é um livro extraordinariamente enviesado acerca de Portugal e dos portugueses naquele período particularmente difícil da sua história. Nos numerosos personagens históricos de que fala o livro, D. Pedro, D. Miguel, D. Carlota Joaquina, Saldanha, o Duque de Palmela, etc., não há um que se recomende. Na realidade, apenas os personagens estrangeiros, como Metternich e Canning, parecem sair-se bem.
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As referências ao povo português são invariavelmente acompanhadas de adjectivos pejorativos e frequentemente, das mais abjectas qualificações. Tudo é mau naquilo que é português. Não há uma demonstração de carácter, uma prova de generosidade, um acto de heroísmo. Quem dera ao leitor viver na Áustria, na Inglaterra ou em França que são os países aos quais o autor faz referências civilizadas.
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A falta de imparcialidade é total.
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