Numa economia de mercado, quando o desemprego aumenta os salários estabilizam ou descem. É a lei da oferta e da procura a funcionar. Em Portugal, contudo, assistimos ao contrário. O desemprego aproxima-se dos dois dígitos e os salários têm o maior aumento da década.
O que é que isto significa? Significa que não vivemos numa economia de mercado. Significa que uma fatia importante da economia está tomada por interesses que se escudam no Estado para garantir os seus retornos. É o que eu chamo capitalismo de influência.
Os sectores que procederam a aumentos significativos dos salários vão agora reflecti-los nos preços dos seus produtos e serviços. Seja no custo da electricidade, da gasolina, dos telefones, ou (se forem serviços públicos) das múltiplas taxas e coimas com que o Estado assola os cidadãos.
Este aumento de salários vai diminuir a nossa competitividade, vai aumentar o desemprego e diminuir o crescimento económico, eventualmente contribuindo para um fenómeno de estagflação.
Assim, lenta mas inexoravelmente, Portugal afunda-se.
PS: Ontem, numa entrevista, Vítor Bento sugeriu a necessidade de um corte generalizado nos salários. É caso para perguntar, em que galáxia é que VB vive?
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