25 abril 2009

Dificilmente


Referi num post anterior que a história de Portugal, contada pelos historiadores portugueses, parece um cemitério de factos. Não existe uma ideia directora, em parte porque os portugueses têm dificuldade em se porem de acordo acerca de qualquer ideia. Por isso, o historiador, para sua própria defesa, apresenta factos e mais nada. O resultado, para quem lê, é uma visão algo caótica da história do país, onde não existe um fio condutor, daí resultando a incapacidade de os portugueses compreenderem o seu próprio país.

O período posterior à revolução francesa é disso um exemplo. A lição essencial a tirar deste período é a de que Portugal e Espanha são os dois países mais conservadores da Europa Ocidental - mais de direita, na linguagem política -, os países que mais resistiram e continuam a resistir às ideias da revolução francesa. Aquilo que caracteriza este período da história portuguesa é o confronto permanente entre as ideias e as instituições da revolução francesa com as ideias e as instituições do ancien regime, sem que se possa dizer até hoje, e ao contrário do que sucedeu nos países do norte da Europa, que alguma das partes tenha definitivamente triunfado.

Dificilmente se encontra na Europa Ocidental um país mais conservador ou de direita que Portugal.

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