19 abril 2009

as meninas inglesas


"Da falta de ideias produzida nas meninas [portuguesas] pela preocupação do dandismo não resulta somente o ignorarem o mundo externo, resulta ignorarem-se a si mesmas!
Perdem a personalidade. Não têm propriamente uma existência. Não vivem de si. O que fazem no mundo é apenas representar um papel. Falta-lhes a poderosa concxentração moral, subjectiva, psicológica.
(...) Taine diz que é imposssível com as meninas inglesas, mesmo ao homem mais vaidoso, tratá-las de outro modo que não seja como irmãs. E isto porquê? Porque elas não pensam na toilette nem na beleza. Vivem de si. São plenamente sinceras nas suas opiniões e nos seus actos.
(...) Vestem-se mal, caminham como granadeiros em marcha, têm os pés grandes, e representam tê-los ainda mais com as suas longas botinas de grandes bicos e tacões rasos. É verdade. Por esse motivo têm menos quem as namore, mas em compensação muito mais quem as estime, porque elas são as mais amáveis companheiras e os mais honrados amigos".
(Ramalho Ortigão, As Farpas: O Chic e os seus Desastres, 1875)

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