Os portugueses, assentando a sua cultura na ideia de verdade, são pessoas dificilmente reformáveis, porque a verdade não se reforma - é sempre a mesma. Por isso, eu penso às vezes que utilizaria muito melhor o meu tempo na blogosfera dirigindo-me aos jovens que provavelmente gostariam de ser democratas mas não sabem o que isso é, e a sua cultura não tem nada para lhes ensinar a esse respeito porque, como tenho vindo a demonstrar, é profundamente anti-democrática.
Eu fiquei por isso muito feliz quando há uns dias um comentador me perguntou o que era ser democrata e eu lhe respondi com este post. Ser democrata é pôr a justiça (fairness) acima de todos os valores, incluindo a verdade - e sobretudo acima da verdade, quando a justiça está em conflito com a verdade - e isso significa adoptar como regra de comportamento a mais antiga e universalmente aceite regra de justiça, a Regra de Ouro: "Não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti" ou, pela afirmativa, "Faz aos outros aquilo mesmo que desejas que te façam a ti".
Por isso, um homem que se queira educar para a democracia, antes de fazer ou dizer qualquer coisa em relação aos outros deve perguntar-se: "Será que eu gostaria que me fizessem isto a mim, ou que dissessem isto de mim?". Alternativamente, se quiser, como exercício, treinar-se a identificar não-democratas, vá às caixas de comentários dos blogues abertos e pergunte-se: "Será que esta pessoa gostaria que dissessem isto dela?". Se a resposta fôr Não, trata-se de um não-democrata, a despeito de tudo aquilo que ele ou ela possam dizer em contrário.
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