É a sua sede da verdade, a sua curiosidade sem limite e a sua abertura para chegar à verdade, que confere ao homem português a sua principal virtude - a sabedoria - e que, ao mesmo tempo, lhe imprime o seu maior defeito, a sua incapacidade para julgar a verdade (cf. aqui).
O meu propósito neste post é, então, o de derivar os traços principais do carácter do homem que sendo incapaz de julgar - que é o português típico - vive no meio de outros homens que, como ele, também não sabem julgar - que são todos os outros portugueses.
A primeira constatação é a de que o homem português não confia no julgamento dos outros. Porém, nas múltiplas circunstâncias da vida, um homem é frequentemente chamado a julgar, emitindo opiniões e tomando decisões sobre as coisas da vida e as outras pessoas . Como faz, então, o português? Julga por ele próprio e decide por ele próprio, porque ele não confia no julgamento de ninguém.
Esta conclusão confere ao português um traço distintivo de carácter, que é o seu individualismo. As suas opiniões acerca de qualquer assunto têm de ser sempre opiniões diferentes das opiniões de todos os outros portugueses, porque estas são opiniões nas quais ele não confia, e distinguem-se delas, nem que seja por um detalhe ou uma nuance, que conferem ao homem português típico uma personalidade única e irrepetível.
É através deste processo de diferenciação da sua opinião em relação às opiniões de todos os outros, nas quais ele não confia, que o homem português chega à verdade, uma verdade que é formada em oposição e contra a verdade de todos os outros. Daqui deriva aquele particular traço do carácter do português que é o de ele estar sempre do contra.
Nem poderia ser de outro modo. Se o português típico não confia no julgamento dos outros, se os outros não possuem a verdade, então a verdade só pode estar numa opinião que, em algum aspecto, nem que seja um detalhe, é contrária à opinião dos outros. Daqui resulta também a dificuldade de pôr dois portugueses de acordo e a característica impossibilidade de envolver os portugueses em qualquer projecto colectivo.
O português adquire certezas e cimenta a sua verdade em oposição às certezas e às verdades dos outros portugueses. Este processo é um processo lento e gradual, em que ele vai adquirindo certezas ao longo da vida, ouvindo os outros e através da sua própria experiência pessoal, mas sempre por oposição às certezas dos outros. Para as verdades mais importantes ou essenciais, aquelas onde assenta a sua própria existência, este é às vezes um processo que lhe consome uma vida. Por isso, quando atinge a verdade é como se tivesse descoberto um tesouro. Ele fica agarrado a ela para nunca mais a largar.
O meu propósito neste post é, então, o de derivar os traços principais do carácter do homem que sendo incapaz de julgar - que é o português típico - vive no meio de outros homens que, como ele, também não sabem julgar - que são todos os outros portugueses.
A primeira constatação é a de que o homem português não confia no julgamento dos outros. Porém, nas múltiplas circunstâncias da vida, um homem é frequentemente chamado a julgar, emitindo opiniões e tomando decisões sobre as coisas da vida e as outras pessoas . Como faz, então, o português? Julga por ele próprio e decide por ele próprio, porque ele não confia no julgamento de ninguém.
Esta conclusão confere ao português um traço distintivo de carácter, que é o seu individualismo. As suas opiniões acerca de qualquer assunto têm de ser sempre opiniões diferentes das opiniões de todos os outros portugueses, porque estas são opiniões nas quais ele não confia, e distinguem-se delas, nem que seja por um detalhe ou uma nuance, que conferem ao homem português típico uma personalidade única e irrepetível.
É através deste processo de diferenciação da sua opinião em relação às opiniões de todos os outros, nas quais ele não confia, que o homem português chega à verdade, uma verdade que é formada em oposição e contra a verdade de todos os outros. Daqui deriva aquele particular traço do carácter do português que é o de ele estar sempre do contra.
Nem poderia ser de outro modo. Se o português típico não confia no julgamento dos outros, se os outros não possuem a verdade, então a verdade só pode estar numa opinião que, em algum aspecto, nem que seja um detalhe, é contrária à opinião dos outros. Daqui resulta também a dificuldade de pôr dois portugueses de acordo e a característica impossibilidade de envolver os portugueses em qualquer projecto colectivo.
O português adquire certezas e cimenta a sua verdade em oposição às certezas e às verdades dos outros portugueses. Este processo é um processo lento e gradual, em que ele vai adquirindo certezas ao longo da vida, ouvindo os outros e através da sua própria experiência pessoal, mas sempre por oposição às certezas dos outros. Para as verdades mais importantes ou essenciais, aquelas onde assenta a sua própria existência, este é às vezes um processo que lhe consome uma vida. Por isso, quando atinge a verdade é como se tivesse descoberto um tesouro. Ele fica agarrado a ela para nunca mais a largar.
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Daqui deriva a característica teimosia do português que se traduz na forma inabalável como ele se agarra às suas verdades, e também a sua distintiva intolerância. As suas verdades definem-se, precisamente, por sersm diferentes das verdades de todos os outros e de estarem em oposição às verdades de todos os outros, as quais não podem portanto, aos seus olhos, possuir senão o estatuto de mentiras.
A verdade que existe em cada português acaba assim por revestir a forma de uma certeza íntima que ele possui acerca de cada assunto e que foi cimentada na oposição às verdades dos outros, por um processo gradual e lento que se desenvolve ao longo da sua vida. Em algum momento deste processo, porém, uma dúvida, que é uma dúvida capital, não poderá deixar de lhe ocorrer ao espírito, e de o inquietar. É a seguinte: "Será, na realidade, possível que só eu tenha a verdade, e que os outros estejam todos errados?"
Esta dúvida capital é a fonte de uma insegurança radical e íntima que existe em cada português, e que se exprime em todos os seus comportamentos e manifestações quando ele tem de agir em público. Assim, e em primeiro lugar, ele nunca age sozinho. Age sempre em grupo. A razão é que ele não confia intimamente no seu próprio julgamento acerca da verdade e, por isso, protege-se no grupo. As manifestações públicas dos portugueses são sempre em grupo e as suas acções de grupo tornam-se, assim, movimentos a-racionais onde não existe uma racionalidade ou julgamento director e, por isso, são quase sempre imprevisíveis. Na realidade, nunca se sabe o que pode sair dali.
Daqui deriva a característica teimosia do português que se traduz na forma inabalável como ele se agarra às suas verdades, e também a sua distintiva intolerância. As suas verdades definem-se, precisamente, por sersm diferentes das verdades de todos os outros e de estarem em oposição às verdades de todos os outros, as quais não podem portanto, aos seus olhos, possuir senão o estatuto de mentiras.
A verdade que existe em cada português acaba assim por revestir a forma de uma certeza íntima que ele possui acerca de cada assunto e que foi cimentada na oposição às verdades dos outros, por um processo gradual e lento que se desenvolve ao longo da sua vida. Em algum momento deste processo, porém, uma dúvida, que é uma dúvida capital, não poderá deixar de lhe ocorrer ao espírito, e de o inquietar. É a seguinte: "Será, na realidade, possível que só eu tenha a verdade, e que os outros estejam todos errados?"
Esta dúvida capital é a fonte de uma insegurança radical e íntima que existe em cada português, e que se exprime em todos os seus comportamentos e manifestações quando ele tem de agir em público. Assim, e em primeiro lugar, ele nunca age sozinho. Age sempre em grupo. A razão é que ele não confia intimamente no seu próprio julgamento acerca da verdade e, por isso, protege-se no grupo. As manifestações públicas dos portugueses são sempre em grupo e as suas acções de grupo tornam-se, assim, movimentos a-racionais onde não existe uma racionalidade ou julgamento director e, por isso, são quase sempre imprevisíveis. Na realidade, nunca se sabe o que pode sair dali.
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