Neste post pretendo começar a caracterizar o português típico, as suas virtudes e os seus defeitos, a fim de ser capaz de prever os seus comportamentos de massa. Começo, obviamente, pela ideia que é a ideia dominante da sua cultura católica - a verdade.
O português típico é um homem pegado à verdade, às vezes obcecado com a verdade. Para ele, "A verdade acima de tudo". Admitamos então que ele levanta uma questão (v.g., um problema prático da sua vida para resolver) e pede opiniões à família. Recebe dez opiniões diferentes sobre a questão, cada um dos familiares transmitindo-lhe a sua opinião sobre o assunto, ou a forma como o resolveu, transmitindo-lhe os factos pertinentes, normalmente elaborados sob a forma de uma história pessoal.
Dias depois, ele põe a mesma questão no seu círculo de amigos, daí recebendo mais quarenta opiniões diferentes acerca de como resolver o problema. Ele tem agora 50 opiniões sobre o mesmo assunto. Será que ele vai excluir alguma, por exemplo a 38ª? Não. A sua preocupação com a verdade leva-o a considerar todas as opiniões e todos os factos, e a não excluir nenhuma, não vá a verdade estar nessa.
Ele alarga depois a questão ao seu círculo de colegas de emprego, que lhe fornecem mais 40 opiniões diferentes. Ele possui agora 90 "verdades" sobre o mesmo assunto. Vai ele dar maior ponderação a alguma delas do que às outras? Não. Não vá a verdade estar nas outras.
Entretanto, do estrangeiro chegam-lhe mais 60 opiniões sobre o mesmo tema. Vai ele desconsiderá-las? Nem pensar, não vá a verdade estar no estrangeiro. (Daqui resulta a curiosidade do português por tudo o que é estrangeiro, e também a fonte do seu provincianismo, tema que tratarei mais tarde).
O português típico tem agora 150 opiniões sobre a verdade. Daqui resulta a sua característica abertura de espírito, ele está aberto a conhecer - na realidade, desejoso de conhecer - todas as versões da verdade, não vá a verdade estar em alguma versão que ele ainda não conhece. O português tipico é um homem imensamente curioso e aberto (1), (2).
Admitamos então que eu agora chego junto dele e lhe pergunto: "Dentre essas 150 versões que você tem aí da verdade, eu gostaria de saber uma coisa. Na sua opinião, qual delas é a verdade?"
Ele fica perdido. Não sabe decidir. Trata-se de um problema extremamente complexo: como escolher uma entre 150 versões da verdade às quais ele atribui igual ponderação? A pergunta não tem resposta. Daqui deriva a sua incapacidade radical de julgamento. Ele é de tal maneira curioso e aberto na sua ânsia de conhecer a verdade, ele colecciona tantas opiniões e factos que possam ajudá-lo a chegar à verdade que, quando lhe pedem a sua própria opinião ou julgamento sobre qual é a verdade, ele pura e simplesmente não sabe responder. A sua capacidade de julgamento é inexistente.
(1) Em posts anteriores, por vezes, eu tenho erradamente utilizado o termo "tolerante" para descrever esta característica do homem português. O termo apropriado é "aberto".
(2) Embora eu considere aqui uma figura masculina, já deixei claro anteriormente que a mulher é mais representativa do povo português, nas suas virtudes e nos seus defeitos, que o homem.
O português típico é um homem pegado à verdade, às vezes obcecado com a verdade. Para ele, "A verdade acima de tudo". Admitamos então que ele levanta uma questão (v.g., um problema prático da sua vida para resolver) e pede opiniões à família. Recebe dez opiniões diferentes sobre a questão, cada um dos familiares transmitindo-lhe a sua opinião sobre o assunto, ou a forma como o resolveu, transmitindo-lhe os factos pertinentes, normalmente elaborados sob a forma de uma história pessoal.
Dias depois, ele põe a mesma questão no seu círculo de amigos, daí recebendo mais quarenta opiniões diferentes acerca de como resolver o problema. Ele tem agora 50 opiniões sobre o mesmo assunto. Será que ele vai excluir alguma, por exemplo a 38ª? Não. A sua preocupação com a verdade leva-o a considerar todas as opiniões e todos os factos, e a não excluir nenhuma, não vá a verdade estar nessa.
Ele alarga depois a questão ao seu círculo de colegas de emprego, que lhe fornecem mais 40 opiniões diferentes. Ele possui agora 90 "verdades" sobre o mesmo assunto. Vai ele dar maior ponderação a alguma delas do que às outras? Não. Não vá a verdade estar nas outras.
Entretanto, do estrangeiro chegam-lhe mais 60 opiniões sobre o mesmo tema. Vai ele desconsiderá-las? Nem pensar, não vá a verdade estar no estrangeiro. (Daqui resulta a curiosidade do português por tudo o que é estrangeiro, e também a fonte do seu provincianismo, tema que tratarei mais tarde).
O português típico tem agora 150 opiniões sobre a verdade. Daqui resulta a sua característica abertura de espírito, ele está aberto a conhecer - na realidade, desejoso de conhecer - todas as versões da verdade, não vá a verdade estar em alguma versão que ele ainda não conhece. O português tipico é um homem imensamente curioso e aberto (1), (2).
Admitamos então que eu agora chego junto dele e lhe pergunto: "Dentre essas 150 versões que você tem aí da verdade, eu gostaria de saber uma coisa. Na sua opinião, qual delas é a verdade?"
Ele fica perdido. Não sabe decidir. Trata-se de um problema extremamente complexo: como escolher uma entre 150 versões da verdade às quais ele atribui igual ponderação? A pergunta não tem resposta. Daqui deriva a sua incapacidade radical de julgamento. Ele é de tal maneira curioso e aberto na sua ânsia de conhecer a verdade, ele colecciona tantas opiniões e factos que possam ajudá-lo a chegar à verdade que, quando lhe pedem a sua própria opinião ou julgamento sobre qual é a verdade, ele pura e simplesmente não sabe responder. A sua capacidade de julgamento é inexistente.
(1) Em posts anteriores, por vezes, eu tenho erradamente utilizado o termo "tolerante" para descrever esta característica do homem português. O termo apropriado é "aberto".
(2) Embora eu considere aqui uma figura masculina, já deixei claro anteriormente que a mulher é mais representativa do povo português, nas suas virtudes e nos seus defeitos, que o homem.
Sem comentários:
Enviar um comentário