15 março 2009

um erro de casting

Vale a pena ler esta notícia do Sol sobre a substituição de Constâncio por Teixeira dos Santos no Banco de Portugal. O interesse não está na suposta modificação, mas na observação de que “o actual ministro das Finanças já não deverá fazer parte do próximo Governo, após as eleições”. No governo de Sócrates, naturalmente.

Este é o estado de espírito do país e não apenas do “situacionismo” da comunicação social a que alude o Dr. Pacheco Pereira: Sócrates ganhará as próximas legislativas e será primeiro-ministro de Portugal por mais quatro anos. Não há mal nem escândalo que se lhe pegue, nem crise económica ou contestação que o faça perder fôlego nas sondagens. O país já aceitou – não interessa se com ou sem resignação – que ele continuará onde está por mais uma legislatura. As eleições serão uma mera formalidade ratificadora.

A explicação do fenómeno, mais bizarro que os do Entroncamento, deve-se menos aos méritos do governo Sócrates (que quase todos contestam), do que aos deméritos do PSD. A questão é simples: ninguém acreditou até hoje, provavelmente nem a própria, que a Dr.ª Ferreira Leite seja capaz de ganhar as eleições. A Dr.ª Ferreira Leite foi, é, um erro de casting político de que são responsáveis as famosas “elites” do PSD. Só em fábula se pode imaginar que ela “chegará” mais depressa aos portugueses do que aos militantes do PSD, como Pacheco Pereira bocejava há tempos, num acesso de incontrolável romantismo. A verdade é apenas esta: a Dr.ª Manuela Ferreira Leite não “chegará” ao país, nem mais cedo nem mais tarde do que aos militantes do seu partido, porque nada lhe tem a oferecer.

O mal que as “elites” do PSD têm feito ao partido, à direita e ao país é difícil de calcular.

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