22 março 2009

são todas verdade


Tenho repetido neste blogue que os portugueses não possuem sentido de justiça. Na realidade, é o seu prior defeito. Não sabendo fazer justiça, não podem ficar admirados pelo seu sistema de justiça não funcionar.

Eu pretendo neste post, demonstrar que os portugueses não sabem fazer justiça. Para tanto, lanço mão de um quadro analítico simples que introduzi aqui. Põe-se a questão de saber a verdade acerca de uma questão Q. Seis opiniões são candidatas à verdade de Q, a saber A, B, C, D, E, F. Admitamos que a verdade está em C.

O homem típico do povo, incapaz de chegar à verdade por si próprio, vai patrocinar a opinião de uma seita acerca de Q, por exemplo A. Um homem do povo diferente patrocinará a opinião de uma seita diferente, por exemplo D. O ponto importante a notar é que, ao contrário do homem de elite, o homem do povo utiliza a opinião pública da seita como meio para confirmar a sua própria opinião e firmar certezas acerca dela.

Na tradição católica a justiça está na verdade. Tudo o que é necessário para fazer justiça é, primeiro, chegar à verdade. Portanto, a injustiça está no erro, e revele-sa de duas formas. Primeiro, ao proclamar A como sendo a verdade, o erro faz injustiça à verdade (C). Segundo, o erro gera uma série de iniquidades. Ao proclamar A como sendo verdade, todas as outras opiniões B, D, E, F, que também são erros, saem injustiçadas. Para que haja equidade, elas também devem possuir, tal como A, o estatuto de verdade.

A prazo, todas as opiniões que se exprimem em público A, B, C, D, E, F possuem o estatuto de verdade. Quanto se trata de pronunciar julgamento, quando chega o momento de julgar qual é a verdade e quais são os erros, de fazer justiça à verdade, o que é que vai sair daqui? Todas as opiniões possuem o mesmo estatuto, são todas verdade. A incapacidade de julgamento ou para fazer justiça é total.

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