08 março 2009

Destruição


Eu pretendo neste post descrever os grandes traços comuns de carácter dos membros da minoria ruidosa, cuja caracterização iniciei aqui. Gostaria de dizer que não pretendo descrever nenhuma pessoa em particular. Pretendo descrever um arquétipo. A esse arquétipo dei o nome de catante.

A questão é pois: Que tipo de pessoa é o catante, e ao que anda a minoria ruidosa de que ele faz parte, que objectivo ou objectivos visa ela atingir? Antes de responder, pretendo relembrar dois pontos. Primeiro, o catante identifica-se pelo seu proclamado amor à democracia e, em especial, à instituição da liberdade de expressão ou, alternativamente, pelo seu declarado ódio a qualquer forma de censura. Segundo, para relembrar que a característica distintiva do catante é a oposição radical que existe nele entre aquilo que ele diz ser e aquilo que na realidade ele é.

Não é de mais insistir neste ponto. Para analisar e compreender o catante é preciso nunca perder de vista esta cisão radical entre aquilo que ele diz e aquilo que ele faz, entre aquilo que ele afirma ser e aquilo que ele é, entre a sua aparência e a sua realidade. Quando ele faz uma afirmação dizendo que é uma coisa, a conclusão a tirar é que ele é exactamente o contrário. Quando ele afirma que não é uma coisa, a conclusão a extrair é que ele é rigorosamente aquilo que procura negar.

Daí as duas traves-mestras da sua personalidade. A primeira é a falsidade: o catante é uma pessoa falsa, um homem que não é verdadeiro - ele diz que é uma coisa e na realidade é outra, exactamente ao contrário. A segunda é a sua iniquidade (unfairness): ele não consegue ser justo (fair) nem mesmo consigo próprio - ele é na realidade uma coisa e diz que é outra, exactamente ao contrário. O catante possui portanto os maiores defeitos de cada uma das culturas católica e protestante e, por isso, como referi anteriormente, ele fica com o pior das duas, o chinelo da cultura protestante e o tamanco da cultura católica. Ele é ao mesmo tempo um homem falso - quando a virtude maior da cultura católica é a verdade -, e um homem injusto (iníquo, unfair) - quando a virtude maior da cultura protestante é a justiça (equidade, fairness).

Quem conhecer um catante deve observá-lo com atenção, em primeiro lugar distinguir claramente entre aquilo que ele diz fazer e aquilo que na realidade ele faz. Não se deve deixar levar pelas aparências. A conclusão que vai tirar é que aquilo que ele faz é sempre ao contrário daquilo que diz. Mais, que não só aquilo que ele diz é falso, como é também profundamente injusto (iníquo).
.
Da falsidade e da iniquidade que são as traves-mestras da personalidade do catante, decorrem outras características da sua personalidade, e a algumas delas já me referi noutros posts, por exemplo, a sua cobardia. O cobarde é a imagem acabada do homem falso, ele aparenta ser um valentão quando na realidade é um medricas; e do homem injusto, porque ele não consegue sequer fazer justiça à sua condição de medricas.

Num debate, o catante está sempre do contra. É a maneira de ele aparentar que possui uma tese quando na verdade não possui nenhuma; e estando do contra ele é profundamente injusto em relação ao outro que trabalhou para produzir uma. Ele torna-se depois insultuoso que é a maneira que tem de mentir em relação à realidade do outro, e ao mesmo tempo de exibir toda a sua iniquidade, pois o outro não o tratou mal.

Falsidade e iniquidade. Ninguém se pode fiar naquilo que o catante diz, porque ele é um mentiroso radical. Ninguém se pode fiar no seu sentido de justiça (fairness), porque ele é de uma iniquidade total. Mas então o que pretende o catante, ao que anda a minoria ruidosa de que ele é ao mesmo tempo a matéria-prima e o produto acabado?

Para responder a esta questão, relembro outra vez que o catante possui dois defeitos capitais - falsidade e iniquidade - que são exactamente os opostos das virtudes capitais da tradição católica - a verdade - e da tradição protestante - a justiça ou equidade, respectivamente. Sem verdade a cultura católica é destruida, sem justiça ou equidade é a cultura protestante que é destruída. Como são estas duas as culturas que sustentam a civilização ocidental ou cristã, sem verdade e equidade é a própria civilização ocidental que é destruida.

Destruição é, pois, aquilo ao que anda o catante, o objectivo dele e da minoria ruidosa de que ele faz parte. Quando o catante põe o dedo em alguma coisa é sempre para destruir, não existe alternativa. Ele não tem outro objectivo em vista. E quando o catante possui algum conhecimento filosófico, o seu ídolo é invariavelmente Kant, o filósofo que ficou conhecido para a história como "O Destruidor".

Sem comentários: